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Presidente boliviano Evo Morales (esq.), a rainha Silvia da Suécia e o chefe da agências de crimes da ONU Antonio Maria Costa (dir.) durante reunião da Comissão da ONU para Drogas e Narcóticos, em Viena | Herwig Prammer / Reuters
Presidente boliviano Evo Morales (esq.), a rainha Silvia da Suécia e o chefe da agências de crimes da ONU Antonio Maria Costa (dir.) durante reunião da Comissão da ONU para Drogas e Narcóticos, em Viena| Foto: Herwig Prammer / Reuters

Uma campanha antidrogas da Organização das Nações Unidas (ONU) teve um resultado contrário ao esperado, fazendo os cartéis ficarem tão ricos a ponto de poderem usar suborno para alcançarem os mercados da África Ocidental e da América Central, disse nesta quarta-feira (11) o chefe da agência de crimes da ONU. Se por um lado a produção diminuiu, por outro a ONU não conseguiu deter os grupos criminosos, que ampliaram os seus tentáculos sobre a sociedade, incluindo a classe política, em países mais pobres, nos quais encontraram paraísos para sua atividade ilegal.

A campanha de dez anos diminuiu a produção de narcóticos e o número de usuários, afirmou Antonio Maria Costa, mas as quadrilhas estavam usando seus enormes lucros para minar a segurança e o desenvolvimento em nações já contaminadas pela pobreza, o desemprego e a Aids.

"Quando gangues podem comprar eleições, candidatos e partidos políticos, em apenas uma palavra, poder, as consequências só podem ser altamente desestabilizadoras", afirmou Costa, diretor do Escritório da ONU para as Drogas e o Crime.

"Enquanto os guetos queimam, a África Ocidental está sob ataque (de traficantes latino-americanos que embarcam drogas para a Europa), os cartéis de droga ameaçam a América Central e o dinheiro do tráfico penetra em instituições financeiras falidas", emendou.

O problema foi formado pelo fracasso de vários países em levar a sério as convenções da ONU contra o crime e a corrupção.

"Como resultado, várias nações agora enfrentam uma situação criminosa em grande parte causada por sua própria escolha. Isso é muito ruim. Pior é o fato de que, frequentemente, vizinhos vulneráveis pagam um preço ainda maior", acrescentou.

Costa falou sobre o tema na abertura de um encontro da Comissão de Drogas Narcóticas da ONU para avaliar os resultados de uma década de trabalhos desde que uma sessão especial na Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu metas para combater os produtores de drogas, os traficantes e restringir os usuários.

Esboçando, em meio a discordâncias internas, maneiras de tornar a política anti-drogas mais eficiente, as 53 nações da comissão devem assinar uma declaração na quinta-feira, na qual se comprometem a programar a luta contra o narcotráfico para os próximos dez anos.

"Se olharmos para as dimensões físicas do problema - toneladas de produção (de narcóticos) e números de viciados - podemos falar que a humanidade fez progressos mensuráveis (desde 1998)", disse Costa.

O número de viciados pelo mundo ficou estável por vários anos, com a demanda caindo para algumas drogas e aumentando para outras. Mas ele admitiu que os mercados mundiais ainda são abastecidos com cerca de 1.000 toneladas de heroína, 1.000 toneladas de cocaína e um volume incalculável de maconha e drogas sintéticas.

Críticos da política antidrogras dos Estados Unidos querem maior esforço para a implementação de políticas de "redução de danos", como trocas de agulhas para prevenir a disseminação do HIV, ou até mesmo a legalização, para remover o elemento da máfia, responsável por sangrentas guerras e a falência de Estados.

Costa concorda com as medidas de "redução de danos", mas classificou as propostas de legalização como "extremas" e desorientadas.

"Devemos investir na linha sólida entre a criminalização e a legalização - moldando nossos esforços coletivos contra as drogas menos como uma guerra, e mais como um esforço para curar uma doença social", completou.

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