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França

Candidatos derrotados definem estratégia e analisam resultados

Os ex-candidatos minoritários à Presidência da França começaram hoje a definir suas estratégias após a vitória do conservador Nicolas Sarkozy e da socialista Ségolène Royal no primeiro turno da corrida eleitoral pela chefia do Estado francês.

Em meio às avaliações que fazem dos resultados eleitorais, especialmente desastrosos para os comunistas e a extrema direita, os nove candidatos menos votados enfrentam a partir desta segunda-feira o duro trabalho da recomposição.

O ultradireitista Jean-Marie Le Pen, de 78 anos, terminou sua quinta e provável última campanha ao Palácio do Eliseu como um dos grandes derrotados, mesmo tendo recebido o apoio de 3,8 milhões de franceses e de ter sido o quarto candidato mais votado.

Com 10,44% dos votos, quase um milhão a menos que no primeiro turno de 2002, Le Pen, da Força Nacional (FN), teve ontem um de seus piores desempenhos eleitorais nos últimos 20 anos.

Apesar da frustração, a cúpula do partido do ultradireitista se reúne nesta segunda-feira para definir a estratégia que adotará com relação a Royal e a Sarkozy, que roubou grande parte dos votos de Le Pen.

No entanto, o radical de direita manterá o suspense até 1º de maio, quando anunciará oficialmente seu apoio aos pés da Ópera Garnier de Paris, no término da tradicional marcha que a extrema direita faz anualmente em homenagem a Joana d'Arc.

Le Pen foi "vítima" do "voto útil" a favor de Sarkozy, segundo a filha mais nova e diretora da campanha eleitoral do líder ultradireitista, Marine Le Pen.

O fracasso de Le Pen, que contrasta com o enorme êxito de sua passagem para o segundo turno no pleito de 2002, pode abrir um debate sobre sua sucessão à frente da FN depois das eleições legislativas de junho, embora ele deseje continuar na posição de líder do partido.

Já Marie-George Buffet, outra grande derrotada, teve a duvidosa honra de ter sido a candidata comunista ao Palácio do Eliseu menos votadas em eleições presidenciais.

Com apenas 700 mil votos, a ex-ministra de Esportes, que já expressou seu apoio a Royal, analisará amanhã os resultados eleitorais com a cúpula do Partido Comunista Francês (PCF), numa reunião que deverá ser tensa.

Segundo um comentarista político, o problema do PCF é que este se tornou um partido de militantes sem eleitores.

Dominique Voynet com 1,57% dos votos, também obteve o pior resultado dos Verdes em eleições presidenciais.

Com o apoio de apenas meio milhão de pessoas, a ex-ministra de Ecologia, que também disse "sem ambigüidade" que irá apoiar Royal, perdeu a oportunidade de ser a representante da segunda força da esquerda na França, uma vez que Buffet e Olivier Besancenot (extrema esquerda, 4,08% dos votos) ficaram na sua frente.

Segundo os Verdes, Voynet também foi vítima do "voto útil" dos ecologistas em Royal e no centrista François Bayrou, que confirmou seu status de "terceiro homem" e cujo posicionamento será decisivo na definição de quem será o novo presidente da França.

"É um acidente político, mas não uma catástrofe", segundo a secretária nacional dos Verdes, Cécile Duflot, que acredita que o partido poderá ser compensado nas eleições legislativas de junho.

O grande vencedor entre os minoritários foi Besancenot, que, com 4,08% dos votos, desponta como representante indiscutível da extrema esquerda francesa.

Besancenot obteve quase um milhão e meio de votos no primeiro turno, e já pediu que, no dia 6 de maio, seus eleitores votem numa frente anti-Sarkozy, quase o mesmo que expressar seu apoio a Royal.

Depois de Besancenot (quinto mais votado), ficou o ultradireitista Philippe de Villiers (2,23%), que se recusou a apoiar um dos eleitos para o segundo turno.

Muito decepcionante também foi o resultado da ultraesquerdista Arlette Laguiller em sua sexta e última campanha ao Palácio do Eliseu. No entanto, a candidata, que recebeu apenas 1,33% dos votos, menos de 500 mil, já pediu a seus eleitores que votem em Royal.

Também entre os menos votados ficaram o líder antiglobalização José Bové (1,32%), o ruralista Frédéric Nihous (1,15%) e o radical de esquerda Gérard Schivardi (0,34%).

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