O capitão americano que é mantido como refém por piratas da Somália tentou fugir dos sequestradores durante a madrugada desta sexta-feira. De acordo com meios de comunicação nos Estados Unidos, Richard Phillips, que está em um bote salva-vidas com os piratas na costa somali, conseguiu lançar-se ao mar mas foi recapturado.
A tentativa de fuga foi observada de um navio da Marinha americana que está nas proximidades mas a recaptura foi rápida demais para que seus tripulantes resgatassem Phillips. Ele foi capturado quarta-feira por piratas que tentaram sequestrar o cargueiro que ele comandava , o Maersk Alabama. Os piratas chegaram a assumir o controle do navio por algumas horas, mas enfrentaram resistência da tripulação e fugiram levando Phillips como refém.
A Marinha dos Estados Unidos anunciou na manhã desta sexta-feira que está enviando reforços da sua frota naval para a região na tentativa de tentar libertar Phillips. Segundo o chefe do Comando Central militar dos Estados Unidos, general David Petraeus, os reforços - que seriam dois navios de guerra - devem chegar à região em um prazo de 24 a 48 horas. Segundo ele, já há um destróier bem próximo do bote salva-vidas onde está o capitão Richard Phillips.
Agentes do FBI, a polícia federal americana, estão envolvidos nas negociações para a libertação do capitão. Analistas dizem que as negociações podem ser longas e é possível que os piratas exijam uma grande quantia de resgate, além de indenização por um outro barco que foi afundado durante o ataque. Calcula-se também que o bote esteja equipado com mantimentos para uma semana, embora marinheiros do Maersk Alabama digam que os sequestradores estariam sem combustível.
Segundo o último contato via rádio com os piratas, "o capitão está ileso", enquanto que o resto dos tripulantes segue para um porto.
"Todos os membros da tripulação exceto o capitão se encontram a salvo, a bordo do 'Maersk Alabama', e podemos confirmar que o navio já abandonou a área", disse a companhia dinamarquesa Maersk, proprietária do navio sequestrado no litoral da Somália.
A empresa não esclareceu o que aconteceu com a carga do navio, que quando foi sequestrado transportava 232 contêineres de comida do Programa Mundial de Alimentos da ONU.
"Por razões de segurança, não podemos fornecer detalhes sobre a carga da embarcação", declarou a companhia.
Especialistas em negociação de reféns do FBI foram chamados para apoiar as negociações pela libertação do capitão americano em poder dos piratas somalis.
"A Marinha chamou negociadores do FBI para a ajudar nas negociações com os piratas somalis e eles estão plenamente concentrados nesta tarefa", explicou em nota o porta-voz da polícia federal americana, Richard Kolko.
O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, disse em Washington que a libertação do capitão "é uma prioridade". A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, qualificou os piratas como "nada mais do que criminosos". Segundo ela, o bote que transporta os piratas e o refém americano estaria ficando sem combustível. O vice-presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que o país está trabalhando "contra o relógio" para resolver o sequestro de Richard Phillips. As declarações foram feitas horas depois de o presidente Barack Obama se negar a fazer qualquer comentário sobre o assunto.
O navio foi capturado a cerca de 500 quilômetros da costa da Somália, região onde a pirataria é disseminada. Essa foi a primeira vez que piratas somalis fizeram cidadãos dos EUA como reféns.
- Há uma força tarefa presente na região para deter qualquer tipo de pirataria, mas o desafio é muito grande. É difícil de monitorar o tempo todo - afirmou o porta-voz, tenente Nathan Christensen.
De acordo com especialistas, os piratas, que costumavam atacar mais perto do litoral, estão mudando sua estratégia e atuando em mar aberto, para tirar vantagem de dezenas de milhares de milhas quadradas não patrulhadas.
O Maersk Alabama é o sexto navio sequestrado na região em uma semana. Autoridades explicaram que, por causa do mau tempo, os ataques dos piratas diminuíram no início do ano, mas agora, com a melhora, voltaram com força.