Partidários de Capriles durante protesto em Maracaibo| Foto: Isaac Urrutia/Reuters
O oposicionista Henrique Capriles durante entrevista em Caracas nesta terça-feira (16)
O presidente eleito Nicolas Maduro fala em Caracas nesta terça-feira
Venezuelanos que vivem no México demonstram apoio a Henrique Capriles
Manifestantes pedem recontagem de votos em Maracaibo
Garoto pula barricada armada por partidários do oposicionista Henrique Capriles em Caracas
Partidários de Capriles e cordão de isolamento da polícia na noite de segunda-feira (15), em Caracas
Apoiadores de Henrique Capriles correm de bomba de gás lançada pela polícia em Caracas, na segunda-feira
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O presidente eleito de Venezuela, Nicolás Maduro, e o oposicionista Henrique Capriles voltaram a trocar acusações nesta terça-feira (15). Desde domingo (14), quando Maduro foi eleito, confrontos entre governistas e oposicionistas deixaram sete mortos e 61 feridos na Venezuela, informou a procuradora-geral do país, Luisa Ortega.

Veja fotos dos protestos na Venezuela

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Nesta terça, Maduro voltou ao ataque e disse que grupos de oposição planejam um golpe de estado contra seu governo. "Isso (os confrontos registrados no país) é responsabilidade de quem incitou a violência, quem desacatou a Constituição e as instituições. Seu plano é um golpe de Estado", disse o herdeiro político de Hugo Chávez em cadeia de rádio e televisão.

O presidente eleito culpou Capriles pelas mortes. "(Capriles) tem que responder perante a Constituição, perante a história e perante a lei, porque o senhor é responsável pelos mortos que hoje estamos velando", acusou Maduro durante um ato de governo.

Panelaço

No fim da tarde desta terça, Capriles cancelou uma passeata que estava prevista para esta quarta-feira (17) em Caracas. Os manifestantes pediriam a recontagem dos votos. "Não vamos nos mobilizar", disse Carpiels em coletiva. Ele acusou o governo de estar por trás dos atos de violência que afetaram alguns lugares do país.

"Amanhã, aquele que sair estará do lado da violência, estará fazendo o jogo do governo. O governo quer que ver mortos no país", acusou. O oposicionista pediu que, ao invés da passeata, sejam feitos novos "panelaços" no resto da semana. Para Capriles, o governo quer desviar a atenção "do que é importante" com os atos de violência.

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Maduro venceu as eleições por 272.865 votos de vantagem sobre Capriles nas eleições de domingo. O herdeiro político de Hugo Chávez teve 50,78% dos votos válidos. Capriles teve 48,95%.

País divido

A Venezuela saiu dividida das eleições de domingo. As tensões aumentaram depois de Maduro ter sido declarado vencedor pelas autoridades eleitorais, na noite de segunda-feira. Capriles se recusou a aceitar o resultado até que seja feita uma recontagem manual dos votos.

A oposição diz ainda que foram encontrados casos de irregularidades nas sessões de votação e sustenta que, de acordo com contagem própria, Capriles venceu as eleições.

A oposição pediu para a população comparecer em frente aos escritórios oficiais do Conselho Eleitoral Nacional nesta terça-feira e planejava marchar amanhã em direção à sede do Conselho em Caracas. Temendo um novo confronto, o oposicionista cancelou a manifestação.

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Além dos confrontos em Caracas, que incluíram protestos em frente à sede do canal estatal VTV e da casa da presidente da comissão eleitoral, foram registrados protestos em várias cidades do interior.

A eleição foi convocada depois da morte do presidente Hugo Chávez, em março, vítima de câncer. Meses antes de morrer, Chávez apontou Maduro como seu herdeiro político.

Estratégia e risco

Capriles, governador do Estado de Miranda, espera salientar a fraqueza do mandato de Maduro e alimentar a raiva da oposição com sua acusação de que o conselho eleitoral age de forma tendenciosa em favor do partido governista PSUV.

Mas a estratégia pode ter efeito adverso se as manifestações derem origem a distúrbios prolongados, como aqueles que a oposição comandou entre 2002 e 2004, e que em alguns casos incluíam o bloqueio de vias públicas por vários dias, com lixo e pneus em chamas.

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O retorno a uma situação de turbulência prolongada nas ruas pode reavivar as dúvidas sobre as credenciais democráticas da oposição, justamente quando o antichavismo obteve seu melhor resultado numa eleição presidencial, e quando Capriles se consolida como seu líder.

Mas Capriles diz que continuará lutando. "Não vamos ignorar a vontade do povo. Acreditamos que vencemos e queremos que esse problema seja resolvido pacificamente", disse o candidato. "Não há maioria aqui, há duas metades".

Eleição divide a Venezuela