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O cardeal Renato Martino, diretor do Departamento de Justiça e Paz do Vaticano, disse esperar que o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein seja poupado da forca, citando a oposição da Igreja à pena de morte. Martino disse ao jornal La Repubblica, na edição que circula na quinta-feira, que ainda há chance de uma clemência de última hora para Saddam, cuja sentença foi confirmada nesta semana por um tribunal superior de recursos do Iraque.

"Ainda há um período de 30 dias [prazo dado pela Justiça para a execução], a assinatura do presidente é necessária, as coisas podem acontecer", disse Martino. O primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, também condenou a decisão de impor a pena de morte. Martino criticou as autoridades dos EUA na época da prisão de Saddam, há três anos, por divulgarem imagens em que soldados examinavam seus dentes "como se ele fosse uma vaca", o que o cardeal considerou ser uma humilhação desnecessária.

O ex-representante do papa na ONU disse que "sem dúvida" Saddam foi responsável por massacres de inocentes, mas que isso não muda a oposição da Igreja à pena capital. "Não se pode pensar em compensar um crime com outro", afirmou. Saddam foi sentenciado em novembro pela morte de 148 xiitas da aldeia de Dujail, em 1982, o que foi considerado crime contra a humanidade.

Martino também defendeu a realização de uma conferência de paz para o Oriente Médio, e reiterou a posição do Vaticano de que a ocupação do Iraque por tropas sob o comando dos EUA foi um erro. "[O falecido papa] João Paulo 2.º fez seu dever. Ele disse que seria uma aventura para a qual não haveria volta. Agora é isso que estamos vendo."

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