Em um testemunho raro vindo de um membro sênior da Igreja Católica Romana, o cardeal holandês Adrianus Simonis negou na terça-feira ter conhecimentos sobre um suposto caso de abuso sexual cometido por um padre na sua diocese de Roterdã nos anos 1970.
Simonis, de 79 anos, foi convocado a dar seu depoimento num processo movido por um homem, agora com 34 anos, que disse ter sido abusado pelo mesmo padre em outra diocese em 1984. O padre foi condenado em 1990 por outros três casos de abuso e exonerado.
A Igreja Católica tem sido abalada por uma série de escândalos envolvendo abuso sexual na Europa e nos EUA nos últimos anos. Uma comissão independente holandesa agora investiga os abusos que datam de 1945 em diante.
"O abuso sexual (apenas) entrou explicitamente na agenda dos bispos nos anos 1990", disse Simonis, segundo a agência holandesa ANP, acrescentando desconhecer o caso dos anos 1970 em Rijswijk, na diocese de Roterdã, quando era bispo local.
A convocação de um cardeal em casos como esse é uma raridade. Nos EUA, o ex-cardeal de Boston, Bernard Law, testemunhou perante dois júris e o ex-cardeal de Los Angeles, Roger Mahoney, compareceu a uma corte duas vezes em casos de abuso ao longo da década passada.
Na Bélgica, o ex-cardeal Godfried Danneels e o arcebispo de Bruxelas Andre-Joseph Leonard prestaram depoimento no fim do ano passado numa comissão parlamentar sobre o abuso sexual de menores cometido por padres.
No caso holandês, o homem que move o processo busca informações que o apoiem em uma possível ação por indenização contra o acusado - agora um padre salesiano já idoso identificado apenas como Jan N.
Simonis, que se aposentou como arcebispo de Utrecht em 2007, foi questionado sobre o caso de Rijswijk na audiência destinada a verificar se a Igreja poderia ser responsabilizada por negligência ao não tomar uma atitude para evitar o abuso.
Ele alegou que apenas ouviu muito depois histórias "vagas" sobre o caso.