As urnas foram abertas às 9h (4h em Brasília), a apuração começa às 20h e os resultados deverão ser conhecidos às 22h30| Foto: REUTERS

Os catalães votam neste domingo em eleições históricas, que decidirão não apenas a composição do Parlamento e o novo governo, mas o futuro do projeto de separação da Espanha.

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As urnas foram abertas às 9h (4h em Brasília) já com fila em muitos locais. Às 13h, foi registrado um recorde parcial de comparecimento. Haviam votado 34,74% dos cerca de 5,5 milhões de eleitores, cinco pontos percentuais mais que os 29,43% das eleições de 2012, no mesmo horário.

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A apuração começa às 20h e os resultados deverão ser conhecidos às 22h30.

“É um momento histórico. Fiquei arrepiada na hora de votar. Queremos que nos deixem decidir e seguir nosso caminho, somos diferentes do resto da Espanha”, disse a professora aposentada Mercé Gratacos, 74, que votou em Pedralves, um dos bairros mais ricos de Barcelona, na parte alta da cidade.

Artur Mas conversa com a imprensa após participar de votação em Barcelona neste domingo 

O governador Artur Mas, do partido de centro-direita CDC (Convergência Democrática da Catalunha), antecipou as eleições, que estavam previstas para 2016, e jogou todas as fichas em dar-lhes um caráter plebiscitário: “sim” ou “não” à independência da Catalunha.

Tentativas anteriores de realização de plebiscito foram barradas pelo Tribunal Constitucional e pelo governo federal espanhol.

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Mas se coligou com a ERC (Esquerda Republicana da Catalunha) para formar o “Juntos pelo Sim” e anunciou que abrirá um processo unilateral de independência caso obtenha a maioria absoluta das 135 cadeiras do Parlamento.

Embora legalmente a eleição não seja plebiscitária, Mas conseguiu transferir o foco da campanha para a discussão da independência. Evitou, assim, o debate sobre sua administração, marcada por cortes nos gastos sociais, especialmente nas áreas de saúde e educação.

Belviche, bairro operário da cidade-dormitório L’Hospitalet, na periferia de Barcelona, é uma das áreas mais afetadas pelos cortes e pelo desemprego. Ali, o entusiasmo pela independência é menos palpável que nas zonas afluentes. Em lugar da bandeira “estelada” (estandarte do independentismo), onipresente nas janelas e sacadas do Centro de Barcelona, notam-se muitas bandeiras da Espanha.

“Há coisas bem mais importantes com que se preocupar, como o desemprego. Precisamos trabalhar, precisamos ajudar quem está em dificuldade antes de pensar em independência”, disse Mercedes Malla, 55, que trabalha como faxineira.

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As opiniões estão divididas. Muitos catalães acreditam que o caminho para melhorar a situação econômica é separar-se da Espanha. A taxa de desemprego na Catalunha é de 19%, abaixo do índice nacional, que é de 22%.

Os independentistas alegam que a Catalunha paga mais em impostos ao governo central do que recebe de volta em serviços e investimentos.

“Não queremos mais ter essa sensação de estarmos sendo utilizados, explorados. Estou convencido de que haverá uma melhora da atividade econômica e do mercado de trabalho se sairmos da Espanha”, disse o estudante Victor Agoiz, 28.

“Se a independência ganhar, vamos ter mais ferrovias, mais rodovias, mais autonomia para decidir nossos gastos”, disse o aposentado Bartolomeu Pausas, 79, ao votar no Colégio Cervantes, no Bairro Gótico, no centro histórico de Barcelona.

No mesmo local, a cubana naturalizada espanhola Lenia Perez, 48, votou contra a independência, incomodada com o ambiente nacionalista e a proliferação de bandeiras.

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“Já vi essa obsessão com a bandeira em Cuba, e não gostei. Não advogo por bandeiras, mas por valores”, disse Perez, que trabalha com design gráfico.