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Os arqueólogos Paul Sereno e a arqueóloga Elena Garcea procuram vestígios no sítio arqueológico de Gobero | Mike Hettwer / Reuters
Os arqueólogos Paul Sereno e a arqueóloga Elena Garcea procuram vestígios no sítio arqueológico de Gobero| Foto: Mike Hettwer / Reuters
  • Crânio de caçador kiffiano do sexo masculino (à esq.) e do macho Tereian (à dir.) são escuros com manchas de alto nível e foram encontrados no cemitério inundado

Um cemitério da Idade da Pedra à beira de um extinto lago no Níger mostra que o Saara teve um breve período fértil, o que permitiu que fosse habitado por peixes, crocodilos e seres humanos, disseram pesquisadores nesta quinta-feira (14).

O sítio arqueológico de Gobero, nome dado pelos tuaregues ao lugar, tem 10 mil anos e foi descoberto em 2000, mas só agora os paleontólogos conseguiram informação suficiente para apresentar um estudo, segundo Paul Sereno, da Universidade de Chicago.

O grupo procurava fósseis de dinossauros quando topou com ossos de humanos e animais e alguns artefatos. "Percebi que estávamos no Saara verde", disse Sereno, que na época trabalhava para a National Geographic.

Ali há pelo menos 200 tumbas, aparentemente deixadas por dois assentamentos humanos separados por um intervalo de mil anos. Em um dos túmulos, uma mulher jaz há cinco milênios abraçada a duas crianças, sobre um leito de flores.

Os habitantes mais antigos eram caçadores e coletores altos e robustos, chamados "kiffianos", que teriam abandonado a área quando o lago secou por uma primeira vez, há cerca de 8.000 anos, segundo o relato publicado na revista PLoS ONE, da Biblioteca Pública de Ciências dos EUA.

O segundo grupo teria se estabelecido ali entre 7.000 e 4.500 anos atrás, já com o lago recomposto. Esses seriam os "tenerianos", um povo mais baixo e magro, que vivia da pesca, da caça e da pecuária.

Ambos deixaram muitos artefatos, como ferramentas, anzóis, cerâmicas e jóias. "À primeira vista, é difícil imaginar dois grupos biologicamente mais distintos de pessoas enterrando seus mortos no mesmo lugar", disse o bioarqueólogo Chris Stojanowski, da Universidade do Estado do Arizona, que atua em Gobero.

O Saara é há dezenas de milhares de anos o maior deserto do mundo. Mas há cerca de 12 mil anos uma mudança na órbita da Terra fez com que durante um período as chuvas de monções ocorressem mais ao norte.

Os cientistas recolheram esmalte dentário, pólen, ossos, amostras de terra e ferramentas para estabelecer as datações.

"A data de Gobero, quando combinada com sítios existentes na África do Norte, indica que estamos apenas começando a entender a complexa história da evolução biossocial diante das severas flutuações climáticas no Saara", escreveram os pesquisadores no artigo.

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