Os social-democratas de centro-direta de Portugal venceram as eleições deste domingo (5), tirando do governo os socialistas do primeiro-ministro José Sócrates, que renunciou ao cargo de líder do partido logo após admitir a vitória da oposição.
Os socialistas conseguiram um resgate de 78 bilhões de euros que levará a uma austeridade profunda no país.
Pesquisas de boca-de-urna de três canais de televisão deram aos social-democratas entre 37 e 42,5 por cento dos votos, muito à frente dos socialistas, que ficaram entre 24,4 por cento e 30 por cento.
"Esses resultados são claros, e o Partido Socialista os reconhece. Todos os resultados apontam para uma vitória do PSD e uma derrota dos socialistas", disse o ministro da Economia, José Vieira da Silva, logo após a divulgação das pesquisas.
A eleição encerra um período de incerteza política que começou com o colapso do governo socialista em março e fez Portugal se tornar o terceiro país da zona euro a procurar ajuda, depois da Grécia e da Irlanda.
O líder social-democrata Pedro Passos Coelho deve formar um governo de coalizão com o partido de direita CDS, que conquistou entre 10,1 por cento e 14 por cento dos votos, de acordo com as sondagens. Com os resultados preliminares, a coalizão teria uma sólida maioria no Parlamento.
Passos Coelho, que votou em Amadora, nos arredores de Lisboa, onde o número de repórteres superava o de eleitores, disse que Portugal tem que cumprir os termos do resgate para reconquistar a confiança do mercado e voltar ao crescimento.
"Você sabe que agora temos um período muito difícil para os próximos dois ou três anos. Mas eu tenho certeza de que vamos fazer as mudanças necessárias e Portugal vai alcançar uma nova prosperidade com crescimento econômico", disse.
Muitos eleitores disseram estar decepcionados com a política.
"Vendo a situação econômica e política do país que eu simplesmente não acredito que nenhum dos candidatos. Mas deixar de votar vai piorar ainda mais" disse José de Évora, um aposentado que votou nos arredores de Lisboa.
O eleitor Ricardo expressou uma opinião muito comum, de que qualquer novo governo terá de dançar no ritmo dos tambores dos financiadores.
"Eu acho que a eleição não vai trazer nada de novo porque é o FMI que está no comando do país agora... Qualquer partido no governo apenas terá que seguir as regras do FMI," disse.