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Confrontos

Chanceler líbio diz que Muamar Kadafi já caiu

Rebelde hasteia bandeira do reino da Líbia um dia depois da tomada do complexo de Muamar Kadafi em Trípoli | REUTERS/Louafi Larbi
Rebelde hasteia bandeira do reino da Líbia um dia depois da tomada do complexo de Muamar Kadafi em Trípoli (Foto: REUTERS/Louafi Larbi)
Crianças de Janzour celebram a queda do quartel de Muamar Kadafi em Trípoli, capital do Líbia |

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Crianças de Janzour celebram a queda do quartel de Muamar Kadafi em Trípoli, capital do Líbia

O chanceler do regime de Muamar Kadafi disse na quarta-feira a um canal britânico de TV que a guerra civil no seu país está praticamente terminada, e pediu aos partidários de Kadafi que deixem de lutar.

"Se eu estivesse no poder, diria a eles que depusessem suas armas", disse Abdelati Obeidi ao Channel 4. Questionado sobre se sabia do paradeiro de Kadafi, ele declarou: "Não, não, não."

Obeidi insinuou, além disso, que poderá ocupar alguma posição no futuro governo. Ele não disse se deixou oficialmente o seu cargo. "Eles (rebeldes) têm uma boa ideia a meu respeito, eles me conhecem. Tenho certeza de que não irão fazer mal a mim ou à minha família. Pelo contrário, sinto que quando as coisas se acalmarem, poderemos conversar."

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Brasil é convidado para as discussões

O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou nesta quarta-feira que Rússia, China, Índia e Brasil serão convidados para a conferência sobre a Líbia, que será realizada em Paris, em 1º de setembro.

Sarkozy declarou ainda que a França manterá as operações militares na Líbia sob mandato da Organização das Nações Unidas enquanto for necessário.

"Estamos prontos para continuar as operações militares na Líbia sob a Resolução 1973 da ONU pelo tempo que os nossos amigos líbios precisarem", afirmou Sarkozy a repórteres em frente ao palácio presidencial, ao lado do líder rebelde líbio Mahmoud Jibril, do Conselho Nacional de Transição.

Recompensa por Kadafi

O Conselho Nacional de Transição dos rebeldes líbios ofereceu nesta quarta-feira anistia a qualquer pessoa do círculo de Muamar Kadafi que o matar ou capturar.

O presidente do Conselho, Mustafa Abdel Jalil, também disse que um empresário de Benghazi, que ele não identificou, se dispôs a pagar uma recompensa de 2 milhões de dinares líbios (1,3 milhão de dólares) pela captura de Kadafi.

"O Conselho Nacional de Transição anuncia que a qualquer um do círculo próximo dele, que matar Kadafi ou capturá-lo, a sociedade lhe concederá anistia ou perdão por qualquer crime que tenha cometido", declarou Jalil em entrevista à imprensa.

Rebeldes acreditam que Kadafi está em Trípoli

Muamar Kadafi ainda está em algum lugar de Trípoli e confrontos ainda estavam ocorrendo nesta quarta-feira em uma área no sul da cidade onde ele está escondido, disse uma autoridade rebelde à Reuters.

"Achamos que Kadafi ainda está escondido em algum lugar de Trípoli. Ele provavelmente está na área de al-Hadhba al-Khadra", disse a fonte de Trípoli por telefone. "Combates estão ocorrendo na região de al-Hadhba al-Khadra."

Segundo outro porta-voz rebelde, forças leais a Kadafi estão bombardeando áreas no centro de Trípoli, inclusive contra o complexo de Kadafi que foi tomado pelos rebeldes no dia anterior.

"Houve bombardeios no (complexo) Bab al-Aziziyah, na área Al Mansoura e em outra área próxima ao hotel Rixos. A maioria dos ataques foi realizada por células do regime posicionadas na área de Abu Salim", disse uma outra fonte rebelde, sob condição de anonimato.

Kadafi volta a convocar luta civil contra rebelde

O coronel líbio Muamar Kadafi, que se encontra em paradeiro desconhecido desde a irrupção dos rebeldes em Trípoli, conclamou nesta quarta-feira "os homens, mulheres, jovens e idosos a lutar contra os rebeldes na capital", aos quais mais uma vez chamou de "ratos e traidores pagos pelos colonizadores".

Em declarações ao canal internacional de televisão sírio "Al Rai", o dirigente líbio afirmou que "a missão dos habitantes de Trípoli é limpar sua cidade" dos insurgentes.

"Os jovens de Tayura, Souk el Juma e os comitês revolucionários, todos devem lutar contra os traidores, é seu dever", exclamou Kadafi à emissora, que em seu site afirma que essas declarações foram realizadas em Trípoli, embora sem precisar o local.

Além disso, o líder líbio pediu às tribos e habitantes de outras cidades que socorram a população da capital. "Convoco às tribos de Sebha, Beni Oualid, Feran, Yufra e Anwaset, para que cada uma assuma uma área para ajudar a limpar a capital. Vocês devem tomar Trípoli e varrê-la para eliminar os ratos".

Em seu discurso, de aproximadamente sete minutos, Kadafi também disse que os rebeldes se esconderam entre as famílias da capital e ocuparam prédios civis, o que, segundo ele, obrigou as forças do regime a evitar o combate. "O Exército não pode destruir os edifícios e as casas".

Essa mensagem é veiculada poucas horas após outro pronunciamento do líder, divulgado por um canal de rádio local e retransmitido pela rede "Al Jazeera", no qual Kadafi ameaçava resistir "até a vitória ou a morte".

Rebeldes esperam transferir governo para Trípoli no fim de semana

O coordenador do Conselho Nacional de Transição líbio (CNT) no Reino Unido, Guma al Gamati, disse nesta quarta-feira que espera que "os poucos" soldados ainda leais ao líder Muamar Kadafi se rendam e que o governo rebelde possa ser transferido de Benghazi a Trípoli já no próximo fim de semana.

Em entrevista radiofônica à rede "BBC", Gamati explicou que "restam retalhos do Exército de Kadafi em Trípoli e em uma ou duas outras cidades", mas que é apenas uma questão de tempo antes que a situação se solucione definitivamente.

"Esperamos que se rendam e, assim, evitar mais derramamento de sangue", comentou o representante dos rebeldes em Londres. "Mesmo os que lutam ao lado de Kadafi são líbios, jovens equivocados. É melhor que continuem vivos e voltem para casa".

Gamati explicou que a nova Líbia será "o mais integradora possível", com anistia àqueles leais a Kadafi, com exceção dos elementos da hierarquia do regime envolvidos em corrupção ou com "sangue em suas mãos".

O "embaixador" dos rebeldes em Londres destacou ainda que o CNT se mostra "absolutamente agradecido" ao Reino Unido por seu apoio aos insurgentes líbios.

Conselho rebelde líbio quer US$ 2,5 bilhões em ajuda

O Conselho Nacional de Transição da Líbia está pleiteando 2,5 bilhões de dólares em ajuda internacional até o final do mês, para auxiliar o país a se recuperar dos seis meses de guerra civil, disse o primeiro-ministro do CNT, Mahmoud Jibril, na terça-feira.

Membros do CNT irão se reunir na quarta-feira em Doha com representantes de EUA, França, Itália, Grã-Bretanha, Turquia e Qatar para discutir a questão, disse Jibril em entrevista coletiva na capital do Catar.

Os rebeldes invadiram na terça-feira o complexo governamental de Muamar Kadafi em Trípoli, no que foi amplamente visto como o golpe final no regime dele, que durou 42 anos. O paradeiro do veterano líder líbio, no entanto, continua sendo um mistério. Os combates praticamente paralisaram a exportação de petróleo da Líbia, principal atividade econômica desse país membro da Opep.

"Agora temos de nos concentrar em reconstruir e curar nossas feridas", disse Jibril, acrescentando que espera receber a ajuda "até o final do Ramadã, para que os salários dos líbios possam ser pagos e o tratamento médico daqueles que perderam membros possa ser fornecido."

O Ramadã, mês islâmico sagrado dedicado ao jejum, vai até o final de agosto.

Jibril também disse esperar que o patrimônio líbio congelado por outros países durante o conflito seja liberado.

"Descongelar o patrimônio será uma prioridade do governo transitório", disse o dirigente, estimando que há 160 a 170 bilhões de dólares em bens congelados. "Continuamos descobrindo fatos novos", afirmou.

Segundo ele, o foco do CNT será retomar a atividade nos campos e terminais petrolíferos assim que for possível. Antes de a guerra começar, a Líbia produzia cerca de 1,6 milhão de barris de petróleo por dia.

"Nossa prioridade é a proteção dos campos. Como o grau de perigo elevado foi removido, vários poços poderão ser reparados e devolvidos à produção no futuro próximo", afirmou.

Analistas dizem que essa recuperação pode levar meses.

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