O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, chamou de "traidor" o ex-ministro da Defesa que comparou o seu projeto de reforma constitucional a um golpe de Estado. Em declarações dadas por telefone, na noite de segunda-feira, em um programa de TV, Chávez afirmou estar "surpreso" com as declarações do general aposentado Raúl Baduel, que era seu aliado até poucos meses atrás.
- Não me surpreendeu tanto que Baduel assumisse essa posição, mas a forma como o fez. Até o rosto de Baduel parecia ser de ódio - disse o presidente, que acrescentou que já sabia com antecedência que o ex-ministro faria um pronunciamento.
O projeto de reforma constitucional defendido por Chávez, e que deve ser submetido a um referendo popular no dia 2 de dezembro, estabelece a possibilidade de reeleições indefinidas e amplia o mandato presidencial de seis para sete anos.
Assim que Baduel fez as críticas, dois ex-ministros da Defesa e o vice-presidente do país, Jorge Rodríguez, tentaram minimizar o episódio. Baduel costumava ser muito elogiado por Chávez quando era ministro e foi fundamental para a volta do presidente ao poder em 2002, depois do breve golpe de Estado que sofreu.
- Não há dúvida de que há aí um ato de traição, sem dúvida nenhuma - disse Chávez. - Ele caiu no mesmo fosso dos traidores.
O presidente, que governa a Venezuela desde 1999, revelou que há tempos sente estar sobre um ninho de escorpiões. Também afirmou que a posição de Baduel não é isolada e que não duvida que ele tenha mentores intelectuais ligados a interesses estrangeiros e de extrema-direita da oposição.
Consultado sobre se a opinião do general aposentado teria impacto nas Forças Armadas, Chávez disse que a questão está sendo avaliada no alto comando.
- Confio plenamente na FAN (Força Armada Nacional) e em seus componentes.
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