Festas de rua estão acontecendo em todo o país, enquanto tanques e jatos participam de uma parada militar em Caracas| Foto: Reuters

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comemorou na terça-feira o bicentenário da independência do país após um retorno triunfal de Cuba, onde foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um câncer que o deixou debilitado, mas desafiador.

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"Aqui estou, em recuperação, mas ainda me recuperando", disse o presidente, de 56 anos, em discurso desde seu palácio em Caracas, enquanto ministros do governo comandavam cerimônias para comemorar o bicentenário do fim do domínio colonial espanhol.

O retorno de Chávez de Havana lhe permitiu reafirmar seu controle político sobre o país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), mas não dissipou receios de que sua condição de saúde possa prejudicar a capacidade de governar ou de fazer campanha com eficácia para a eleição presidencial de 2012.

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O líder socialista teve um tumor canceroso retirado em Cuba, e não está claro se as células malignas se espalharam.

Após uma fala emotiva de retorno ao país feito na noite de segunda-feira para partidários entusiasmados desde a sacada do palácio, Chávez trocou o uniforme militar pela insígnia presidencial para fazer mais um breve discurso na celebração de terça-feira.

"Nós recuperamos a nossa independência", disse Chávez, que considera seus 12 anos de governo como a libertação da Venezuela de décadas de regimes oligárquicos.

Críticos veem de outra forma -- que a autocracia de Chávez prejudica a tradição democrática venezuelana.

Em um forte indício de que espera prolongar sua permanência no poder, Chávez pediu aos partidários que se juntem a ele em uma "nova e longa marcha" até as comemorações em 2021 do bicentenário de uma famosa batalha na história venezuelana.

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Quaisquer complicações da doença podem gerar caos político no país exportador de petróleo, onde não existe nenhum sucessor designado nem entre aliados nem entre adversários para o carismático Chávez, que domina a Venezuela há 12 anos.

Fogos de artifício pipocaram em várias partes de Caracas enquanto os partidários de Chávez festejaram o bicentenário histórico à meia-noite.

Os colegas líderes esquerdistas latino-americanos Evo Morales, da Bolívia, José Mujica, do Uruguai, e Fernando Lugo, do Paraguai -- que também recebeu um diagnóstico de câncer no ano passado -- participavam das comemorações da independência e visitar Chávez.

BÔNUS RECUAM COM VOLTA DE CHÁVEZ

Descrevendo-se como sucessor do herói da independência Simón Bolívar, Chávez vem preparando as comemorações do bicentenário há anos, chegando a dar a algumas empresas nacionalizadas o nome de "Bicentenário".

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Festas de rua estão acontecendo em todo o país, enquanto tanques e jatos iriam participar de uma parada militar em Caracas.

Chávez disse que não participará dos festejos nas ruas, mas alguns venezuelanos acharam que seu líder sempre imprevisível não conseguiria resistir à tentação de fazer algum outro gesto grandioso.

Os bônus venezuelanos tinham subido na semana passada, graças à impressão do mercado de que os problemas de saúde de Chávez poderiam ser precursores de uma mudança no governo, mas o retorno do presidente a Caracas freou esse movimento.

O bônus de referência com vencimento em 2027 caiu 2,375 pontos, para 74,500, no pregão da terça-feira, mas o volume foi baixo.

Conhecidos por suas disputas internas e a competição pela atenção do presidente, os aliados de Chávez pareceram aliviados e eufóricos em tê-lo de volta na Venezuela. Muitos no país previam que ele pudesse passar semanas ou até meses em Cuba.

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