O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comemorou a entrada do país no Mercosul e disse que propôs à presidente Dilma Rousseff a exportação de petróleo cru para o Brasil. Chávez está em Brasília para selar o ingresso do país no bloco e jantou na segunda-feira com Dilma e ministros do Palácio da Alvorada.
A Venezuela é dona de uma das maiores reservas mundiais de petróleo, e, segundo Chávez, deve alcançar este ano a produção diária de 3,5 milhões de barris. Como o Brasil ainda importa petróleo, o presidente disse que sugeriu a Dilma a exportação do óleo venezuelano para o país.
"Propusemos hoje e a presidenta se mostrou muito interessada que a Venezuela exporte petróleo cru ao Brasil. O Brasil ainda importa petróleo e nós estamos incrementando nossa produção. Este ano, a Venezuela vai chegar a [produzir de] 3 milhões de barris a 3,5 milhões", disse Chávez ao deixar o Palácio da Alvorada pouco depois da meia-noite, após quatro horas de encontro.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, e a presidente da Petrobras, Graça Foster, também estavam no jantar, além dos ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e do assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Além de petróleo, Chávez disse que a Venezuela está pronta para firmar outros acordos com o Brasil e que o ministro Fernando Pimentel deve ir a Caracas nos próximos dias com um grupo de empresários brasileiros interessados em fechar parcerias com venezuelanos. A compra de 20 aeronaves modelo 190AR da Embraer pela estatal venezuelana de aviação, que será fechada hoje (31), é apenas um dos negócios entre os dois países, segundo o presidente bolivariano.
"É milionário o acordo, são várias centenas de milhares de dólares. Mas é um projeto até modesto em relação ao mapa de projetos que temos com o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], a Refinaria Abreu e Lima, alianças petroleiras, energéticas", disse, sem revelar as cifras do contrato com a Embraer.
Após mais de cinco anos de negociação para a entrada da Venezuela no Mercosul, Chávez disse que o ingresso, que será oficializado hoje, "completa uma equação" e vai fortalecer o bloco. "Esperamos este dia por muitos anos. Para a Venezuela é muito importante, porque esse é o nosso rumo, é o nosso projeto, a união sul-americana. E para o Mercosul uma porta gigantesca se abriu. O Mercosul agora é Caribe. É um passo histórico e reformará completamente a união sul-americana", avaliou.
Segundo Chávez, a entrada de seu país no Mercosul fortalece "o caráter democrático" do bloco, assim como a atitude do grupo de suspender o Paraguai após o impeachmeant sumário do então presidente Fernando Lugo. "Quando a democracia retornar ao Paraguai, seremos os primeiros a levantar as mãos para apoiar e aprovar o reingresso do Paraguai ao bloco", disse.
A entrada da Venezuela no Mercosul será oficializada nesta terça-feira em Brasília, em uma cúpula extraordinária dos líderes dos países que formam o bloco: Dilma, o presidente uruguaio, Pepe Mujica, e a presidenta argentina, Cristina Kirchner.
Com o ingresso da Venezuela, o Mercosul contará com uma população de 270 milhões de habitantes (70% da população da América do Sul), registrando um Produto Interno Bruto (PIB) em valores correntes de US$ 3,3 trilhões (o equivalente a 83,2% do PIB sul-americano) e um território de 12,7 milhões de quilômetros quadrados (72% da área da América do Sul), de acordo com o Itamaraty.
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