O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que de nada vale a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) que obriga a Venezuela a aceitar o direito de eleição do líder opositor Leopoldo López, inabilitado politicamente em 2006 por uma ordem da Controladoria Geral do país.
"Para mim não vale de nada, zero à esquerda. Um corte de cabelo vale mais que essa Corte.", disse Chávez aos jornalistas no palácio de Miraflores (sede da Presidência), onde recebeu o governante da Bolívia, Evo Morales, em uma breve visita ao país.
Segundo a sentença, divulgada sexta-feira (16) na Costa Rica, a CorteIDH ordena que se ignore as resoluções da Controladoria Geral que desabilitaram López politicamente por um período de três a seis anos, além de considerar o Estado culpado por violar os diretos à proteção judicial e à defesa nos procedimentos derivados da sanção.
Para Chávez, a Corte representa as instituições do passado e justamente por isso a América Latina deve buscar uma instituição de acordo com o século XXI. "A União de Nações Sul-americanas (Unasul) deve ter em breve uma corte de direitos humanos".
O governante venezuelano acrescentou que a CorteIDH ainda não se pronunciou sobre o golpe de Estado de 11 de abril de 2002, que o afastou do poder.
"Ainda estamos esperando. Uma solicitação de proteção chegou a essa Corte quando eu estava sequestrado. Nunca responderam, a resposta foi chamar o Carmona" (empresário Pedro Carmona, que se declarou governante durante o golpe e está asilado desde 2002 na Colômbia), acrescentou.
Segundo o líder, também se espera o pronunciamento dessa corte sobre o massacre em Honduras e o golpe de Estado que tirou do poder o então presidente Manuel Zelaya em junho de 2009.
Chávez afirmou que os corruptos, ditadores e banqueiros foragidos são protegidos pelo Governo dos Estados Unidos e por um sistema internacional subordinado a ele.
Além disso, o presidente venezuelano criticou que o líder líbio, Muammar Kadafi, apareça nas listas da Interpol enquanto seu país é invadido. Para Chávez, na "Venezuela há uma democracia consolidada" e instituições que funcionam e que já se pronunciaram.