Tiroteio após protesto contra reforma de Chávez
Ao menos nove estudantes ficaram feridos -dois deles baleados - na quarta-feira em confrontos na Universidade Central da Venezuela (UCV) quando retornavam de protestos contra a reforma constitucional proposta pelo presidente Hugo Chávez. Eles foram emboscados por um grupo de homens armados que usavam máscaras, identificados por testemunhas como integrantes de um grupo chavista. O ataque fez da principal universidade do país um cenário de batalha campal, com estudantes sendo alvo de tiros, pedras, gás lacrimogêneo.
Os protestos de estudantes registrados na Venezuela são "uma nova arremetida fascista", impulsionada pelo governo dos Estados Unidos e por grupos oligárquicos venezuelanos, acusou o presidente Hugo Chávez.
Ao intervir na primeira sessão da cúpula Ibero-Americana, hoje em Santiago, Chávez descreveu a situação vivida na Universidade Central da Venezuela e lamentou: "Como nos agridem!".
Insistiu depois na orquestração realizada pelos Estados Unidos e por grupos oligárquicos venezuelanos.
"São os mesmos que apoiaram o Golpe de Estado de abril" de 2002, acrescentou.
"São as classes ricas que querem manter sua coesão social", comentou com ironia, em alusão ao tema central da Cúpula Ibero-Americana.
Os estudantes da Universidade Central da Venezuela (UCV) protagonizaram nos últimos dias protestos contra a reforma constitucional do presidente Hugo Chávez.
O presidente da Venezuela rechaçou, além disso, as declarações de Gerard Díaz Ferrán, presidente da Confederação Espanhola das Organizações Empresariais (CEOE), que afirmou, em Santiago, "sua profunda preocupação com os ataques à iniciativa privada e a insegurança política e jurídica" em alguns países da região.
"A Venezuela não está incluída nessas declarações", disse Chávez; "Ferrán é um empresários das elites que repete o consenso de Washington", acrescentou.
Chávez saudou ainda o fracasso do projeto para instaurar a Área de Livre Comércio das Américas (ALCA), incentivado pelos Estados Unidos para instaurar uma zona de livre comércio nos 34 países da América, exceto Cuba.
"A ALCA era uma projeto imperialista, por sorte não prosperou", afirmou.
O presidente da Venezuela ainda destinou algumas palavras para o ex-presidente espanhol José María Aznar: "Ele é um verdadeiro fascista".
Chávez mandou um recado para o presidente Néstor Kirchner, que deixa o governo em dezembro.
"Néstor, espero que você não se envolva nesse clube de ex-presidentes, que não faz outra coisa além de me criticar", afirmou.