Caracas O governo venezuelano concluiu ontem a estatização da Electricidad de Caracas, a maior empresa elétrica do país, após chegar a um acordo com a empresa norte-americana AES. É a primeira nacionalização desde que o presidente Hugo Chávez anunciou a intenção de tomar o controle do setor elétrico e a Cantv, a principal empresa de telecomunicações do país.
"De todos os negócios que realizamos em 62 países, este resultou ser o mais proveitoso", disse o presidente da AES, Paul Hanrahan, após uma inesperada cerimônia no Palácio Miraflores, em Caracas. Segundo Hanrahan, foi vendida toda a participação da AES, que tinha 82,14% da empresa responsável pelo fornecimento de luz na região da capital venezuelana. Do lado venezuelano, assinou o acordo Rafael Ramirez, ministro de Energia e Petróleo e presidente da estatal PDVSA.
Logo após as declarações do executivo, ele confirmou a operação, que custou US$ 739 milhões ao Estado. Ramirez disse que os cerca de 100 mil acionistas minoritários, que têm 13% das ações da empresa, terão "a opção de ficar conosco na nova companhia estatal ou obviamente nos vender suas ações. Estamos preservando os interesses dos acionistas minoritários."
O vice-presidente venezuelano, Jorge Rodríguez, disse que a compra é uma "lição" para a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice. "Aqui atenderemos principalmente às leis da prosperidade da República. Quem estiver dizendo por aí que a Venezuela está destruindo sua economia, os destruidores do mundo, os destruidores dos sonhos estão recebendo neste caso uma lição contundente", disse, em alusão a declarações de Rice na quarta-feira, segundo as quais Chávez está "destruindo" a Venezuela.
É a primeira vez que a Electricidad de Caracas será pública. Antes da compra pela AES, realizada em 2000 e incentivada pelo próprio governo Chávez, a empresa pertencia a empresários venezuelanos. Além do setor elétrico e de telecomunicações, Chávez também quer ter o controle de quatro projetos petroleiros na região conhecida como faixa do rio Orinoco. Na semana passada, disse que, caso não haja acordo até o dia 1.º de maio com as multinacionais, elas seriam obrigadas a deixar o país. A nacionalização é um dos principais programas que Chávez quer implantar no seu terceiro mandato, iniciado no mês passado.