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América Latina

Chávez, Lugo e Correa celebram agenda socialista em Assunção

Entrevista entre os presidentes foi realizada na antiga estação ferroviária de Assunção: ataque à imprensa e revolução contra a pobreza foram enfoques do discurso | Ivan Alvarado / Reuters
Entrevista entre os presidentes foi realizada na antiga estação ferroviária de Assunção: ataque à imprensa e revolução contra a pobreza foram enfoques do discurso (Foto: Ivan Alvarado / Reuters)

Os presidentes Fernando Lugo, do Paraguai, Hugo Chávez, da Venezuela, e Rafael Correa, do Equador, celebraram uma agenda socialista para a América Latina com uma entrevista coletiva realizada com pompa, claque e circunstância na antiga estação de trem da capital paraguaia.

O lugar foi escolhido porque o Paraguai foi o primeiro país da América do Sul a ter uma ferrovia. Os presidentes quiseram lembrar da época da Guerra do Paraguai, quando o país, em fase de potência econômica regional, enfrentou e perdeu para a Tríplice Aliança de Brasil, Argentina e Uruguai.

Duas figuras simbólicas da luta latino-americana contra a pobreza e o imperialismo estavam presentes no evento e foram convidadas por Chávez para sentar ao lado dos presidentes: Frei Leonardo Boff, do Brasil, e o escritor Eduardo Galeano, do Uruguai.

Correa foi o primeiro a chegar e, mesmo antes da primeira pergunta, começou um discurso de união regional contando do esforço que Equador, Brasil, Venezuela e Argentina pretendem fazer em obras de infra-estrutura. Como símbolo da grandeza desta iniciativa, o presidente equatoriano citou a hidrovia de Manta a Manaus, um projeto de ligação do Atlântico ao Pacífico pelo norte da região.

Lugo chegou mais discreto e quando falou foi o mais comedido dos três presidentes. Enquanto Chávez e Correa gastaram largos minutos atacando a imprensa e seu viés capitalista e falando de uma revolução contra a pobreza, o presidente recém-empossado trouxe para a entrevista um discurso mais amplo.

"As pessoas dizem não confiem tanto em Chávez. Cuidado com Chávez, cuidado com Evo. Eu não tenho medo de Chávez, de Evo. De ninguém. O Paraguai fará seu próprio processo. Muitos temem e têm dúvidas. Vamos ser todos venezuelatinos, boliviatinos ou equatoriatinos. Não, vamos ser paraguaios de verdade. E vamos ter relações de respeito com todos", disse ele.

Uma claque de estudantes esperava Chávez com gritos de guerra clássicos de esquerda. "Assim é a nossa vontade (gana), América Latina, socialista e soberana", gritavam.

Chávez chegou, tocou o sino da estação centenária e rapidamente monopolizou a conversa aderindo ao tema de ataque à mídia. Depois disse que, com Frei Leonardo Boff e Galeano na audiência, os presidentes deveriam se calar.

O principal teólogo da Teologia da Libertação falou primeiro. "Me lembro de um texto do profeta Isaías onde ele dizia que, para saber se um governo ou um rei agrada a Deus, há que se perguntar como este governo ou este rei trata os pobres".

Galeano disse que "chegou a hora dos indignados ocuparem o lugar dos indignos", pediu desculpas pela atuação do Uruguai na Guerra do Paraguai e foi saudado como um herói revolucionário.

Depois de quase uma hora de discursos travestidos de respostas, os três presidentes se retiraram da plataforma e foram a um antigo vagão-restaurante comer "chipas", um tipo de pão gordinho, típico do Paraguai que se faz com farinha de mandioca.

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