O presidente Hugo Chávez pode de fato cumprir as ameaças de nacionalizar bancos, uma siderúrgica e fábricas de cimento, tendo assumido a maior companhia de mídia da Venezuela, apesar das tentativas da empresa de atender às exigências dele. Chávez, um aliado próximo do líder cubano Fidel Castro, na quinta-feira repetiu sua estratégia de disparar tiros de advertência, dizendo às empresas para se alinharem à sua auto-intitulada revolução socialista ou enfrentarem a nacionalização para o que ele descreve como o benefício do povo.

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Um alto funcionário do governo disse que os comentários de Chávez não devem ser menosprezados como mero arroubo retórico.

"Temo que Chávez possa bem ir adiante com isso. Não é a primeira vez que ele diz que vai fazer uma coisa e então a faz", disse o funcionário, que pediu anonimato porque se opõe à política de nacionalizações, apesar de trabalhar para o governo.

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Chávez, que já assumiu empresas de eletricidade e projetos de petróleo neste ano no país da Opep, disse a bancos privados e à Ternium-Sidor, maior siderúrgica do país, que adaptem seus negócios ao que ele chamou de interesse nacional.

No mês passado, Chávez disse que os fabricantes de cimento deverão ser nacionalizados se houver a conclusão de que eles estão agravando o déficit habitacional ao favorecer as exportações em detrimento das vendas domésticas.

Mas nem ceder às exigências de Chávez garante imunidade em relação à mudança de controle.

Antes que a maior empresa venezuelana de telecomunicações, a CANTV, fosse nacionalizada, Chávez falou durante meses em assumir o controle caso ela não ajustasse seus pagamentos de pensões.

Em dezembro, a CANTV disse em resposta a uma sentença judicial que iria fazer pagamentos retroativos a mais de 4.000 empregados, mas Chávez mesmo assim ordenou a tomada do controle um mês depois.

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"Acho que você tem de considerar muito seriamente que o que ele está mirando é o controle estatal quase completo das instituições", disse Christian Stracke, analista de mercados emergentes da firma de pesquisa CreditSights.

"Agora ele está pousando seu olhar sobre o setor comercial."

INVESTIDORES PREOCUPADOS

No cargo desde 1999, Chávez é popular entre a maioria pobre por ter despejado o alto faturamento do petróleo sobre ela, mesmo que as pesquisas mostrem que os pobres em geral não compartilham do entusiasmo dele por transformar o país sul-americano em um Estado socialista.

Chávez, um presidente anti-EUA que preenche seus discursos com citações de Marx e Lênin, poliu nesta semana suas credenciais anti-livre-mercado.

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Após prometer deixar o Fundo Monetário Internacional, elevar o salário mínimo em 20 por cento e ordenar que a jornada de trabalho seja reduzida gradualmente para seis horas, ele assumiu os últimos campos petrolíferos do país sob comando de particulares, tirando-os de algumas das maiores empresas mundiais.