Senadores reagiram nesta sexta-feira às declarações do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que disse nesta quinta-feira em visita a Manaus que está "seguro" de que a demora do Senado do Brasil em votar a entrada da Venezuela no Mercosul "tem a mão do Império". É a segunda vez em três meses que Chávez acusa o Parlamento de submissão aos interesses dos Estados Unidos. Em junho, ele chegou a dizer que os senadores brasileiros são "papagaios dos EUA", criando um mal-estar que chegou a envolver o presidente Lula.

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- Lamentamos profundamente que o presidente de um país vizinho se dirija a uma nação como o Brasil da maneira como ele fez. Nós não temos satisfação a dar a ele. Nós vamos cumprir o nosso dever. Nós não gostamos de ditadores. É da responsabilidade de um chefe de estado não emitir declarações dessa natureza - criticou o senador Edison Lobão (DEM-MA).

Lobão negou que o Senado esteja retardando a votação que vai decidir se o Brasil aprova ou não a Venezuela no bloco econômico:

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- Não temos nenhuma má vontade com o país amigo, a despeito desse presidente com vocação ditatorial. Só o Congresso deve decidir o momento em que vai votar as matérias - disse.

Mais duro, o senador Gilvam Borges (PMDB-AP) classificou as declarações de Chávez como "inconseqüentes e irresponsáveis" e tratou com ironia o presidente venezuelano:

- O que o líder da Venezuela precisa é de uma ressocialização, uma reciclagem. Ele está na contramão da História. Agora o nosso país não discrimina, compreende a igonorância. Temos que ter paciência, trabalhar com a democracia e reeducar Hugo Chávez - afirmou, completando que Chávez deveria ter outras preocupações:

- Ele precisa renovar aquela frota velha de ônibus e táxis de Caracas.

O líder do governo na Câmara, José Múcio Monteiro (PTB-PE), também criticou Chávez.

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- Uma postura como essa é natural de alguém que não acredita em Parlamento. Seria de se estranhar se um democrata verdadeiro fizesse um ataque como esse ao Congresso brasileiro. O Chávez está coerente com a caminhada e as atitudes que ele têm tomado na Venezuela. O Chávez não gosta de qualquer tipo de Parlamento - reagiu o deputado.

O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), também negou que o Congresso brasileiro esteja atrasando intencionalmente a proposta de entrada da Venezuela no Mercosul.

- São declarações injustas e descabidas, até porque essa proposta está sendo analisada pelo Congresso brasileiro, encontra-se na Câmara, posteriormente vai ao Senado e não há interesse no Congresso nem de antecipar nem de descartar a entrada. Chávez deve ter algumas dificuldades e quer criar factóides acusando o Brasil - reagiu Heráclito.