A visita de senadores brasileiros à Venezuela, na quinta-feira, dividiu o país ontem. Os parlamentares foram impedidos de deixar o aeroporto Simón Bolívar em direção à prisão em que está preso o opositor político Leopoldo López, o que gerou um incidente internacional. Ontem, enquanto os chavistas do Partido Socialista da Venezuela criticaram o que consideraram um “abuso” e uma “intromissão” nos assuntos internos do país, os políticos brasileiros pediram a exclusão da Venezuela do Mercosul.
“Se os senadores estão aqui, é porque não têm muito trabalho por lá”.
“Há uma intenção doentia destes grupos políticos de minar as boas relações entre Venezuela e Brasil”, disse a vice-presidente da Assembleia Nacional, Tania Diaz. “Eles querem o mesmo que a extrema direita da Venezuela: isolar o país e sabotar a integração”.
O vice-presidente da Venezuela, Jorge Arrezada, ironizou a comitiva brasileira, que retornou ao Brasil na noite de quinta-feira, após enfrentar um protesto de manifestantes chavistas. “Se os senadores estão aqui, é porque não têm muito trabalho por lá (no Brasil). Assim, umas horas a mais ou a menos, dá no mesmo”, escreveu ele para Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López. Para os apoiadores do presidente Nicolás Maduro, os brasileiros fazem parte de uma “conspiração internacional de direita”.
Oposição a Maduro agradece brasileiros em ato na embaixada
Representantes do partido opositor venezuelano Voluntad Popular (VP) entregaram ontem à Embaixada do Brasil na Venezuela uma carta de agradecimento destinada aos senadores brasileiros que, na quinta-feira, não conseguiram cumprir agenda de visita em Caracas.
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Enfurecidos com a viagem frustrada, os senadores de oposição pedirão oficialmente a exclusão da Venezuela do Mercosul. Eles alegam que o governo do presidente Nicolás Maduro descumpriu a cláusula democrática que baseia os acordos do bloco.
Os senadores querem que o governo brasileiro requeira ao Conselho do Mercado Comum, órgão responsável pelo processo de integração do bloco, a adoção de medidas contra a Venezuela, que poderá ser considerada um Estado violador dos acordos do Mercosul.
“Se existia alguma dúvida sobre aquilo que prevalece na Venezuela, os oito senadores voltam para dizer: não há qualquer dúvida de que a Venezuela não vive uma democracia. Os oposicionistas são aterrorizados, alguns deles presos, as pessoas que discordam do governo na rua são afrontadas e aqueles que querem se manifestar, como nós fizemos, são impedidos”, afirmou ontem o senador Aécio Neves (PSDB-MG).