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Contrariando o governo

Chefe da Inteligência de Obama diz que interrogatórios foram úteis aos EUA

Dennis Blair, diretor de Inteligência Nacional de Obama, disse que as práticas ofereceram um profundo entendimento da Al-Qaeda | Reprodução / CNN
Dennis Blair, diretor de Inteligência Nacional de Obama, disse que as práticas ofereceram um profundo entendimento da Al-Qaeda (Foto: Reprodução / CNN)

As técnicas de interrogatório da era Bush, classificadas por muitos como tortura, podem ter ajudado a reunir importantes informações sobre terroristas, disse o chefe da Inteligência do governo Barack Obama em um memorando divulgado na noite nesta terça-feira (21).

"Informações de alto valor foram obtidas nesses interrogatórios, cujos métodos nos forneceram um profundo entendimento da organização Al-Qaeda, que estava atacando o nosso país", escreveu Dennis Blair, diretor de Inteligência Nacional, defendendo as práticas.

O documento, obtido pela CNN na noite desta terça, foi elaborado no momento em que o governo liberava vários memorandos da administração anterior detalhando o uso de técnicas de interrogatório antiterror, como a que simula o afogamento do detido.

Na terça-feira, o presidente dos Estados Unidos deixou em aberto a possibilidade de processar criminalmente autoridades da era Bush responsáveis por criar bases legais para a prática dessas controversas técnicas. O presidente americano reiterou, no entanto, sua crença de que não seria apropriado processar os agentes da CIA e outros que fizeram uso das técnicas então permitidas, mas agora condenadas.

Obama afirmou que a decisão de processar ou não autoridades envolvidas com os interrogatórios ficará com o secretário de Justiça, Eric Holder.

Uso antes da aprovação

De acordo com informação publicada nesta quarta-feira pelo jornal "Washington Post", as táticas antiterror já eram usadas antes mesmo de serem aprovadas pela administração Bush, pela conclusão de uma comissão investigadora do Senado americano.

A violenta estratégia para tirar informações de suspeitos vinha sendo adotada no início de 2002, oito meses antes de o Departamento de Justiça aprovar o uso da técnica de afogamento e outros nove métodos cruéis de interrogatório.

O senador democrata Carl M. Levin, de Michigan, que preside a comissão parlamentar, afirmou que a descoberta mostra uma ligação direta entre as práticas antecipadas e os abusos de detentos em prisões como Abu Ghraib, no Iraque.

Pesquisa do Instituto Gallup feita pouco depois da posse de Obama mostrava que 38% dos entrevistados apoiavam investigações criminais no Departamento de Justiça sobre denúncias de tortura. Já 24% apoiavam investigação não-criminal feita por um painel independente, e 34% não queriam qualquer tipo de investigação relacionada ao tema.

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