A principal autoridade da ONU para questões climáticas disse na quinta-feira que a conferência de Copenhague está avançando na promoção do acesso a tecnologias limpas, mas que os países ricos precisam oferecer cortes mais ousados nas suas emissões de carbono até 2020, se quiserem destravar as negociações.
"Há um reconhecimento geral de que precisamos de um mecanismo tecnológico (como parte do eventual tratado climático)", disse Yvo de Boer à Reuters, comentando os avanços já alcançados na conferência, que vai até 18 de dezembro.
De acordo com ele, um mecanismo de transferência tecnológica daria aos países em desenvolvimento maior acesso a tecnologias de energia renovável (solar, eólica ou hidrelétrica) e a carros com baixa emissão de poluentes, por exemplo.
Além da tecnologia, os países em desenvolvimento querem também bilhões de dólares para conseguirem reduzir seu uso de combustíveis fósseis, grande fonte de emissões de gases-estufa, e se adaptarem às mudanças climáticas.
O tamanho dessa verba e a amplitude das reduções de emissões nos países ricos são os principais entraves à adoção do novo tratado climático global para substituir o Protocolo de Kyoto a partir de 2013.
De Boer disse à Reuters que os países ricos terão de aprofundar suas metas de reduções de emissões para chegarem a 2020 com 25 a 40 por cento menos do que os níveis de 1990 - cifras que, segundo cientistas de uma comissão da ONU, seriam necessárias para limitar o aquecimento global médio a 2 graus Celsius e evitar os piores efeitos da mudança climática.
"Para mim, essa é a meta", disse De Boer. Atualmente, os países desenvolvidos propõem cortes de 14 a 18 por cento sobre os níveis de 1990 até 2020.
Flexibilidade
De Boer afirmou que muitos países demonstram "flexibilidade nos números" e que a eventual melhoria das propostas "depende acima de tudo de uma discussão dentro do grupo de grandes países desenvolvidos".
Mas ele admitiu que será difícil satisfazer os muitos países em desenvolvimento que pressionam as nações ricas a reduzirem suas emissões em mais de 45 por cento até 2020 (sempre em relação ao ano-base 1990).
Cientistas dizem que essa redução limitaria o aumento da temperatura média do planeta a 1,5 grau Celsius.
Para De Boer, ainda é cedo para dizer se há mais ou menos razão para otimismo quanto a um acordo na conferência de Copenhague. Ele comparou essas especulações durante as negociações ao hábito de abrir o forno a cada dez minutos enquanto um peru é assado.
"Não vai ser nada bom para o peru", afirmou.