A chefe do Escritório Nacional de Emergências (Onemi) do Chile renunciou na quarta-feira ao seu cargo, em meio a críticas pelas falhas na coordenação que impediram alertar a população a tempo sobre os tsunamis que devastaram localidades costeiras após o terremoto de 27 de fevereiro.
A renúncia de Carmen Fernández ocorre na véspera da transferência de mandato presidencial de Michelle Bachelet para Sebastián Piñera.
Antes de renunciar, Fernández havia culpado a Marinha por entregar informações erradas, que não permitiram alertar sobre a dimensão das ondas causadas pelo terremoto de magnitude 8,8.
O ministro do Interior, Edmundo Pérez Yoma, disse a jornalistas que sua subordinada renunciou "diante das críticas, algumas delas injustificadas, feitas ao Onemi, a fim de proteger a instituição".
Cerca de 500 mortos por causa da tragédia já foram identificados, e os prejuízos são estimados em bilhões de dólares.
Há alguns dias, o chefe do Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha, encarregado de alertar sobre maremotos, foi destituído devido às falhas na coordenação com a Onemi.
A estatal TVN mostrou nesta semana que um funcionário do Serviço Oceanográfico informou à Onemi de variações menores no nível do mar, o que, assegurou, não representavam tsunamis em localidades que viriam horas depois a serem varridas por ondas gigantes.
Novo presidente vai visitar Constituición
Quando Sebastián Piñera aterrissar em Constitución na quinta-feira, já será o novo presidente do Chile e terá sua primeira visão direta do desafio titânico que o aguarda, depois do terremoto e dos tsunamis.
Para chegar do heliporto até a praça central, ele terá que se desviar de crateras e rachaduras no asfalto. À sua volta, verá pessoas escavando no meio dos montes de pedras e telhas que, duas semanas atrás, eram suas casas.
O ar de Constitución, cidade de 50 mil habitantes situada a 360 quilômetros ao sul de Santiago e para onde Piñera prometeu viajar assim que tomar posse, estará cheirando a peixe podre.
O panorama que o aguarda depois do terremoto e dos tsunamis de 27 de fevereiro é tão desolador que as autoridades locais comparam a cidade a uma "zona de guerra."
Ali, em meio às ruínas do bairro histórico, Piñera pretende anunciar suas medidas de recuperação para esta cidade e muitas outras destruídas pelo pior terremoto da história moderna, que deixou cerca de 500 mortos e mais de 2 milhões de pessoas desabrigadas.
O fornecimento de energia elétrica já voltou em Constitución, mas as necessidades dos sobreviventes são enormes, e as expectativas são de soluções moderadas.
"A esperança é que haja uma mudança (...), mas, com tudo o que ruiu, as coisas estão difíceis", disse Enrique Rodríguez, caminhoneiro de 42 anos.
Como muitas outras pessoas na cidade, Rodríguez está sem trabalho.
A principal fonte de atividade da cidade, uma fábrica de celulose que emprega direta e indiretamente mais de 3.700 pessoas, está paralisada e, com ela, grande parte da atividade econômica da região.