O Chile precisará de empréstimos internacionais e três ou quatro anos para a reconstrução depois que um forte terremoto matou mais de 800 pessoas e devastou a infraestrutura do país, disse a presidente Michelle Bachelet na quinta-feira.
O terremoto de magnitude 8,8 de sábado destruiu ou danificou gravemente centenas de milhares de residências, destruiu pontes e rodovias, provocou rachaduras em edifícios modernos nos subúrbios da capital, quebrou barris nos famosos vinhedos do Chile e fechou temporariamente algumas das maiores minas de cobre do mundo.
"Indubitavelmente precisaremos nos voltar aos credores internacionais", disse Bachelet na quinta-feira. "Vamos ter de pedir (por crédito) e esperamos que via Banco Mundial ou outros mecanismos possamos contar com fundos suficientes."
O governo de Bachelet havia dito inicialmente que seria capaz de arcar com os custos da reconstrução fora de seu orçamento, mas havia subestimado a escala do prejuízo, estimado em até 30 bilhões de dólares, ou seja, quase 15 por cento do produto interno bruto do país.
O terremoto e os tsunamis subsequentes devastaram cidades e vilarejos da costa e causaram graves danos em toda a grande área do centro-sul chileno, incluindo na segunda maior cidade do país, Concepción.
Apavorados com as dezenas de fortes tremores secundários, os sobreviventes das cidades mais atingidas têm acampado em áreas externas, enquanto as equipes de resgate vasculham os destroços em busca de sobreviventes e soldados patrulham as ruas para evitar saques.
Cadáveres começaram a aparecer na praia da cidade costeira de Constitución e equipes de busca equipadas com cachorros vasculhavam uma ilha varrida pelo tsunami na região atingida pelo terremoto, onde centenas de pessoas estavam acampando.
Bachelet, líder de grande popularidade que deixa o poder na semana que vem, pediu calma e disse aos chilenos parar de acumular os suprimentos à medida que a ajuda chega às cidades costeiras do Pacífico.
Buscas
O ministro das Finanças do próximo governo, Felipe Larrain, disse à Reuters na quarta-feira que estava estudando as diferentes opções para arrecadar dinheiro para a reconstrução, que os analistas acreditam incluirá emissão de dívida soberana e a utilização dos cerca de 18 bilhões de dólares de poupança da expansão do cobre.
Economistas afirmam que o Chile poderá se recuperar em breve, por causa dessa poupança e porque a maioria de suas minas de cobre foi apenas levemente afetada pelo terremoto.
O número de vítimas do terremoto mantinha-se em 802 na quinta-feira, mas centenas de pessoas permaneciam desaparecidas.
As equipes de resgate vasculharam os edifícios que desabaram em Concepción durante a noite, incluindo um prédio de 15 andares onde se acredita que um grupo de pessoas esteja preso. Mas as autoridades em algumas áreas afirmaram ter concluído a busca por sobreviventes e afirmaram que agora se concentram na distribuição de ajuda.
"Nossa prioridade será atender os que estão vivos", disse Jaime Toha, principal autoridade do governo na região de Bio Bio, a mais atingida pelo terremoto.
A principal refinaria de petróleo do país foi gravemente danificada e poderá ser fechada por um mês, aumentando a necessidade de importação de combustível no principal produtor de cobre do mundo.
Outra importante refinaria poderá estar em atividade na semana que vem. Mas o Chile, que quase não produz combustível fóssil, estava aumentando as importações da Ásia e dos EUA.
O jornal El Mercúrio informou que as minas afetadas perderam apenas cerca de 6 mil toneladas de cobre quando a produção foi interrompida por apagões, uma minúscula parte da produção anual.
Visita de Ban Ki-moon
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, visitará o Chile na sexta-feira para avaliar a destruição causada pelo forte terremoto e tsunamis e determinar as necessidades mais urgentes.
Ban, que se reunirá com a presidente chilena e com o presidente eleito, Sebastián Piñera, visitará as cidades de Concepción e Talcahuano, as mais próximas ao epicentro do terremoto que atingiu o Chile.
Especialistas estimam que os danos causados pelo terremoto e tsunamis alcançariam 30 bilhões de dólares, equivalente a 15 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
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