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Chile recorda os 43 anos do golpe que instaurou a ditadura de Pinochet

Manifestantes saem às ruas para lembrar a instauração do regime e os 3,2 mil mortos pelo governo de Pinochet. | CLAUDIO REYES/AFP
Manifestantes saem às ruas para lembrar a instauração do regime e os 3,2 mil mortos pelo governo de Pinochet. (Foto: CLAUDIO REYES/AFP)

Com manifestações, homenagens ao falecido ex-presidente Salvador Allende e aos milhares de assassinados e torturados, o Chile iniciou neste domingo (11) a recordação dos 43 anos do golpe de Estado que instaurou a ditadura de Augusto Pinochet.

Ruas do centro de Santiago amanheceram cercadas e com uma quantidade de policiais maior do que o habitual para assegurar a ordem durante a manifestação que percorreria vários quilômetros da capital. Também houve homenagens em outras cidades do país.

O Palácio La Moneda, sede do governo que suportou os bombardeios de 11 de setembro de 1973, foi o centro do primeiro ato oficial do dia com uma homenagem a Allende - liderado pela presidente socialista, Michelle Bachelet.

Na sede do governo ainda ressoam “os ecos do mais doloroso marco de nossa História recente”, que culminou com o retorno à democracia em 1990, assinalou Bachelet em um breve e emocionado discurso.

“Hoje, o Chile recorda o que ocorreu há 43 anos, aquilo que nunca mais voltará a acontecer, porque temos uma certeza irrenunciável (de que) enquanto a luz da memória continuar viva, ninguém estará vencido, e ninguém estará esquecido”, afirmou a presidente.

Bachelet destacou os avanços em políticas de direitos humanos e assegurou que serão ampliados os espaços destinados a manter a memória do que houve no regime. A presidente também anunciou que a Subsecretaria de Direitos Humanos, criada em dezembro passado, será instalada no final de 2016. A expectativa é que esteja funcionando plenamente em 2017.

Longo caminho a percorrer

Logo após o fim do discurso de Bachelet, teve início uma multitudinária marcha. Depois de percorrer vários quilômetros, a passeata chegou ao Cemitério Geral de Santiago, onde familiares de desaparecidos, acompanhados de milhares de chilenos, prestaram uma homenagem aos mais de 3.200 mortos deixados pelo regime.

“Tenho 64 anos e todo ano venho para lembrar dos que morreram para que isso nunca mais volte a acontecer no Chile”, afirmou Sonia Zurita.

“Sempre esperando que, algum dia, se faça verdade e justiça, que tudo saia à luz e se condene os culpados”, completou.

Um pedido de justiça que se concentrou, desta vez, em pedir o fechamento do Presídio Punta Peuco, onde estão cerca de 100 ex-membros das Forças Armadas condenados por sequestro, tortura e assassinatos durante a ditadura.

Organizações de direitos humanos e familiares das vítimas denunciam que, nessa instituição, os antigos repressores têm grandes privilégios e vivem em um luxo considerado impensável para presos comuns. Punta Peuco se tornou símbolo dos privilégios mantidos pelos militares.

Na marcha, fotos de centenas de desaparecidos, milhares de bandeiras com a imagem de Allende e enormes cartazes clamando pelo fechamento de Punta Peuco eram carregados ao ritmo de tambores.

Aos distúrbios provocados por alguns manifestantes, a Polícia reagiu com gás lacrimogêneo, atingindo também pessoas que buscavam, pacificamente, entrar no Cemitério para depositar flores aos entes queridos. Entre elas, muitas famílias com crianças.

Como costuma acontecer nesta data, em Santiago e em outras regiões, é possível ver barricadas e confusões menores à meia-noite e nas primeiras horas do dia, relatou a Polícia local.

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