A China está adotando a medida mais forte até agora para conter as manifestações eletrônicas de descontentamento, reprimindo as suas versões do Twitter que têm crescentemente dado combustível aos protestos que até recentemente eram raros no país, ameaçando minar o controle firme do poder pelos líderes locais.
Com o intuito de defender o espaço cibernético da China de "informações prejudiciais", o governo da cidade de Pequim anunciou novas regras para esfriar as ásperas conversas nacionais em serviços como o Sina Weibo, que tem atraído uma enxurrada de usuários chineses para compartilhamento de mensagens, fotos e vídeos. Autoridades vão exigir que os usuários que postarem nos chamados microblogs façam o registro de seus nomes de verdade junto ao serviço de microblogging - que seriam averiguados pelas autoridades locais - inibindo a anonimidade que tem ajudado a encobrir a dissidência online.
As novas regras também proíbem a distribuição de segredos e de material do estado que possam afetar a segurança nacional, assim como a inserção de comentários que estimulem comportamentos de ressentimento étnico, discriminação e convocação de encontros que "prejudiquem a ordem social", informou a agência estatal de notícias Xinhua. As regras não determinam quais serão as punições.
As medidas representam uma potencial inflexão, uma vez que a internet tem se tornado cada vez mais uma força perturbadora para os líderes chineses nesse momento em que se aproxima a transição de poder realizada a cada década no país, quando as duas principais posições de liderança no país trocam de mãos. As iniciativas também são acionadas após uma rebelião de moradores de Wukan, no sul do país, contra a tentativa dos governantes locais de venderem suas terras. O protesto se tornou o maior de uma série de manifestações que têm revelado as tensões sociais e econômicas que afligem a nação asiática. Moradores da cidade de Wukan mantinham, na sexta-feira, bloqueios a estradas para prevenir que forças de segurança entrassem na cidade.
Em julho, a colisão de um trem de alta velocidade desencadeou um debate na internet sobre o custo humano do modelo de desenvolvimento econômico acelerado da China. Os microblogs também se tornaram a plataforma para críticas públicas sobre a segurança dos ônibus escolares e gastos do governo, após uma série de acidentes fatais com veículos de transporte de estudantes. Agora, censores da internet estão tentando prevenir que o levante no sul se torne assunto para galvanizar uma controvérsia nacional. O descontentamento inicial em Wukan não está direcionado ao governo central, mas com a ajuda de microblogs o tom e o foco da ira pode mudar.
As autoridades chinesas se assustaram com o papel das mídias sociais nas revoluções que destituíram governos autoritários no mundo árabe neste ano, mas se mostraram relutantes em fechar os microblogging completamente, não porque esses serviços permitem que cidadãos aflitos manifestem suas indignações, mas porque possibilita que as autoridades tenham conhecimento das insatisfações.
Autoridades de Pequim afirmaram, nesta sexta-feira, que os sites de microblogging com sede na cidade devem verificar os nomes verdadeiros de seus usuários antes que eles coloquem comentários online, embora eles possam ainda escolher seus nomes próprios nas telas. "Se você quiser colocar uma informação online, você tem que assumir a responsabilidade", disse o porta-voz do governo municipal de Pequim, Wang Hui, acrescentando que a possibilidade de se usar um nome diferente na internet será permitida para que haja alguma privacidade. As informações são do jornal Wall Street Journal, retransmitidas pela agência Dow Jones.
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