Chineses nacionalistas enfurecidos usaram a Internet para defender um boicote a produtos franceses em protesto contra o planejado encontro entre o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o exilado líder espiritual tibetano, Dalai Lama, no fim de semana.
Pequim já havia alertado Paris sobre a decisão de Sarkozy e disse que o encontro forçaria o governo a adiar uma cúpula entre a China e a União Européia, mas alguns cidadãos querem uma resposta mais contundente ao que vêem como uma afronta a seu orgulho nacional.
"Estou usando meu nome real para jurar aos franceses: eu vou boicotar produtos franceses para o resto da vida. Nunca vou usar marcas francesas ou qualquer produto fabricado na França", disse um internauta, que se identificou como Yan Zhongjie.
Antes da Olimpíada de Pequim, em agosto, protestos e boicotes parecidos foram feitos diante de lojas francesas, depois que a passagem da tocha olímpica por Paris foi marcada por manifestos anti-China.
Nacionalistas como Yan vêem o Dalai Lama como um separatista maquiavélico que deseja destruir a China no momento em que ela ganha mais poder internacionalmente, após mais de um século de humilhação, pobreza e impotência política.
O monge, que é líder espiritual de milhões de tibetanos, diz que não quer a independência do Tibete, somente a autonomia, já que a cultura e as tradições religiosas de seu povo estão sendo lentamente suprimidas.
O Dalai Lama se exilou em 1959 depois de uma tentativa frustrada de insurreição contra o comando chinês no Tibete, ocupado por tropas do Exército da Libertação Popular desde 1950. A China acusa seus seguidores de impulsionar as revoltas ocorridas no Tibete em março, mas o Dalai Lama nega tal acusação.
A França diz que Sarkozy vai se encontrar com o tibetano em um cerimônia no dia 6 de dezembro, na Polônia, onde o ex-líder solidário Lech Walesa será homenageado.
Embora haja uma grande presença francesa na China e empresas como o Carrefour tenham muito a perder, a China tem um superávit comercial com a nação européia e tal tipo de protesto pode ser arriscado.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Liu Jianchao disse na quinta-feira que o encontro entre Sarkozy e Dalai Lama causou "muita insatisfação", mas também pediu ao público que fique "calmo e racional".