O presidente francês, Jacques Chirac, disse nesta sexta-feira que vai assinar uma polêmica lei trabalhista para jovens, apesar dos protestos contra a proposta. Chirac, porém, prometeu mudanças em dois de seus pontos mais questionados.

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- É tempo de neutralizarmos a situação - disse o presidente, num discurso na televisão.

Chirac disse que emendas vão encurtar para um ano o período em que os jovens podem ser dispensados e exigir que os patrões justifiquem a demissão.

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O Conselho Constitucional, uma importante corte do país, descartou na quinta-feira a possibilidade de anular a lei por motivos jurídicos, devolvendo a questão para os políticos.

Muitas especulações foram feitas sobre os próximos passos a serem adotados por Chirac, mas membros do Parlamento já tinham adiantado que o presidente provavelmente anunciaria a sanção da lei.

Assessores afirmaram ao jornal "Le Parisien" que o líder de 73 anos havia optado por assinar a lei em vez de perder o primeiro-ministro do país, Dominique de Villepin, que teria ameaçado renunciar caso Chirac não sancionasse a medida.

- Não se pode questionar uma lei que foi aprovada pelo Parlamento - disse um assessor de Chirac ao jornal.

Villepin é um aliado de longa data considerado o homem que Chirac gostaria de ver sucedendo-o.

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Assessores de Villepin, no entanto, negaram que o premier tivesse ameaçado renunciar.

Ao assinar a lei, Chirac deve enfrentar mais manifestações. Sindicatos e organizações estudantis prometeram continuar com seus protestos contra o Contrato do Primeiro Emprego (CPE). A proposta inicial permite que as empresas demitam, sem justa causa, funcionários com menos de 26 anos durante um período de experiência de dois anos.

- O presidente conhece a atitude dos sindicatos. Ele conhece a frustração de muitos jovens - afirmou à rádio RTL François Hollande, líder do Partido Socialista (oposição).

FUTURO DE VILLEPIN EM XEQUE

Os protestos em massa nas últimas semanas atingiram toda a França e algumas vezes tornaram-se violentos.

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O premier tem defendido a lei acaloradamente e fez dela a peça central de seus esforços para combater o desemprego entre os jovens.

Líderes empresariais temem que a imagem da França seja danificada se os protestos continuarem e que o país perca investimentos e turistas, particularmente porque a crise apareceu logo depois dos distúrbios provocados por jovens em subúrbios de cidades francesas, no final do ano passado.

Novos dados divulgados na quinta-feira mostraram que a taxa de desemprego no país ficou em 9,6%, uma das mais altas da Europa. A taxa de desemprego para os franceses com menos de 25 anos caiu um pouco, de 23% para 22,2%.

Chirac já se manifestou várias vezes em favor do CPE. Mas os protestos colocaram o futuro de Villepin em xeque.

O CPE também provocou desavenças dentro do partido UMP, governista e liderado pelo ministro francês do Interior, Nicolas Sarkozy, outro aspirante da ala conservadora à Presidência.

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O bloco parlamentar do partido deu apoio, na quinta-feira, à proposta de Sarkozy de que o governo não deveria ter pressa para sancionar a lei.

Estudantes e sindicatos pediram que Chirac devolva a lei ao Parlamento, sem os artigos do CPE constantes dela.

Os sindicatos convocaram novos protestos e greves na terça-feira próxima e advertiram que milhões de pessoas vão participar dessas manifestações se Chirac não mudar a lei.