O cientista nuclear iraniano Shahram Amiri, que apareceu em Washington mais de um ano após ter sido supostamente sequestrado por espiões dos Estados Unidos, está seguindo para Teerã, informou hoje o Ministério das Relações Exteriores iraniano. Antes de deixar a capital norte-americana, onde ele se refugiou na seção de interesses do Irã da embaixada do Paquistão, Amiri disse ao canal iraniano Press TV que revelará detalhes sobre seu caso assim que chegar ao seu país. Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã afirmou que o cientista vai inicialmente para um terceiro país antes de chegar à sua terra natal.
O porta-voz repetiu as acusações de Amiri, segundo as quais o especialista foi sequestrado por agentes dos EUA. O funcionário disse que o Irã tentará resolver o caso "legal e diplomaticamente". Amiri desapareceu da Arábia Saudita em maio de 2009, levando a acusações de funcionários iranianos de que ele havia sido sequestrado pela norte-americana Agência Central de Inteligência (CIA). Washington nega as acusações. Reportagens da imprensa dos EUA chegaram a afirmar que o cientista estaria trabalhando para a CIA.
Na terça-feira, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, afirmou que Amiri poderia voltar para o Irã sem problemas. Porém, um porta-voz do Departamento de Estado confirmou que o governo dos EUA manteve contato com Amiri enquanto ele estava em território norte-americano. O porta-voz não confirmou se o cientista forneceu informações de inteligência para os EUA.
Um influente parlamentar iraniano, Alaeddin Borujerdi, disse à agência iraniana ISNA que funcionários dos EUA tentaram obter informações de Amiri, mas "as que ele tinha eram apenas sobre sua expertise". Com isso, segundo Borujerdi, os norte-americanos "perceberam que haviam cometido um erro e a situação mudou rapidamente". O caso de Amiri ocorre em um momento de controvérsia quanto ao programa nuclear iraniano. O país afirma ter apenas fins pacíficos, mas nações como os EUA suspeitam que Teerã busque secretamente armas nucleares.
Antes de desaparecer, Amiri trabalhava na Universidade de Tecnologia Malek Ashtar, na capital iraniana. A suspeita é de que essa instituição tenha vínculo estreito com a Guarda Revolucionária, a força de elite atingida por sanções recentes da Organização das Nações Unidas (ONU). O Conselho de Segurança da ONU aprovou uma quarta rodada de sanções contra o Irã, em junho. O Irã afirma que cerca de dez cidadãos do país são mantidos "ilegalmente" nos Estados Unidos. As informações são da Dow Jones.
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