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morte de osama

Clérigos questionam destino dado a corpo de Bin Laden

Clérigos disseram hoje que o lançamento do corpo de Osama bin Laden ao mar foi uma violação à tradição islâmica que pode futuramente resultar na convocação de ataques contra alvos norte-americanos.

Embora pareça haver espaço para debate a respeito do destino dado ao corpo - como muitas questões relacionadas à fé - uma grande quantidade de estudiosos do islamismo interpreta que a atitude representa uma humilhação e um desrespeito à prática muçulmana de colocar o corpo numa sepultura com a cabeça apontada para a cidade sagrada de Meca.

Sepultamentos no mar são permitidos, disseram eles, mas apenas em casos nos quais a morte tenha ocorrido a bordo de uma embarcação. "Os americanos querem humilhar os muçulmanos com esse sepultamento e eu não acho que isso é do interesse do governo dos Estados Unidos", disse Omar Bakri Mohammed, clérigo radical do Líbano.

Um funcionário dos Estados Unidos disse que a decisão sobre o sepultamento foi feita após a conclusão de que seria difícil encontrar um país que desejasse aceitar os restos mortais de Bin Laden. Há também especulações sobre temores de que um túmulo se tornaria um local de peregrinação para militantes. Os funcionários norte-americanos, que falaram em condição de anonimato, não disseram onde o corpo foi sepultado.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que o sepultamento ocorreu de acordo com a tradição islâmica, que exige um "enterro" rápido após a morte. Mas Mohammed, o clérigo libanês, disse que foi um "erro estratégico" que deve incitar a raiva nos muçulmanos.

Segundo os ensinamentos islâmicos, a maior honra a um morto é a concessão de um funeral rápido, preferencialmente antes do pôr-do-sol. Os que morrem durante uma viagem no mar podem ter seus corpos depositados no fundo do oceano se a embarcação estiver longe da costa.

"Eles podem dizer que ele foi sepultado no mar, mas não podem dizer que fizeram isso de acordo com o Islã", disse Mohammed al-Qubaisi, grão-mufti de Dubai. "Se a família não quer o corpo, trata-se de uma questão simples para o Islã: cava-se uma cova em qualquer lugar, mesmo numa ilha remota, faz-se algumas orações e é isso. Sepultamentos no mar são permitidos para muçulmanos em circunstâncias extraordinárias. E esta não é uma delas", comentou.

Mas Mohammed Qudah, professor de lei islâmica na Universidade da Jordânia, disse que o sepultamento no mar, como o de Bin Laden, não é proibido se não houver quem receba o corpo e faça um enterro muçulmano. "A terra e o mar pertencem a Deus, que é capaz de proteger e erguer os mortos no final dos tempos para o Dia do Julgamento", disse. "Não é verdade nem correto afirmar que não há ninguém no mundo muçulmano pronto para receber o corpo de Bin Laden".

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