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O aimara Evo Morales Ayma, líder nas pesquisas de intenção de voto, pode se tornar o primeiro presidente indígena da Bolívia. De natureza forte, rosto largo e olhar profundo, o polêmico líder indígena, um dos poucos que pode ocupar uma Presidência na América Latina, nasceu há 46 anos, em uma pequena construção de barro e palha no planalto andino, "no meio do nada". Foi em uma comunidade da região de Oruro, mais de 400 quilômetros ao sul de La Paz, filho de uma família humilde de agricultores. Evo teve seis irmãos, mas só ele e outros dois, Hugo e Esther, sobreviveram. Na infância, foi pastor de lhamas e cultivou a terra estéril dos Andes, onde o produto por excelência é a batata.

A defesa do cultivo da folha de coca - que na Bolívia é usada em rituais e como alimento e remédio desde tempos ancestrais, embora o excedente seja destinado ao narcotráfico — o elevou ao topo dos movimentos camponeses cocaleiros. Suas principais promessas durante a campanha eleitoral foram a descriminalização do cultivo e a nacionalização dos recursos naturais. A afinidade com o cubano Fidel Castro e o venezuelano Hugo Chávez afastam Morales dos Estados Unidos.

Conservador testado

O ex-presidente Jorge Quiroga se transformou na esperança dos setores conservadores da Bolívia. À frente do novo partido Poder Democrático e Social (Podemos), Quiroga, de 45 anos, aparece como segundo colocado nas pesquisas recentes. Mais conhecido como "Tuto", nome com o qual se inscreveu nas eleições, ele nasceu em Cochabamba, em 5 de maio de 1960, estudou engenharia industrial e trabalhou por anos nos Estados Unidos, onde conheceu a esposa Virginia Gillum, com quem tem quatro filhos.

Aos 41 anos, Quiroga chegou ao poder após um processo de sucessão constitucional. Ele governou entre 2001 e 2002, após a morte do ex-ditador Hugo Banzer, a quem acompanhou como vice-presidente a partir de 1997, quando o partido Ação Democrática Nacionalista (ADN, direitista) venceu as eleições bolivianas nas urnas. Antes, Quiroga tinha representado a Bolívia nos principais órgãos financeiros internacionais, e chegou a ser um dos ministros mais jovens do país, já que ocupou o Ministério da Fazenda aos 30 anos. "Tuto" promete conseguir o perdão da dívida externa graças a suas excelentes relações com a comunidade internacional, e aposta na integração da Bolívia nos mercados mundiais.

Empresário pragmático

O candidato Samuel Doria Medina oferece ao eleitorado boliviano uma receita pragmática e centrista, baseada em seu sucesso empresarial, para evitar a polarização do país. Doria Medina, que tem 47 anos, nasceu em La Paz e vem de uma família rica. Fundou o partido Unidade Nacional (UN) em 2003, após militar por vários anos no Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993). Como os outros candidatos, o bem-sucedido empresário defende o fortalecimento econômico nacional através dos hidrocarbonetos.

Casado com Nadia Monje há 20 anos e pai de cinco filhos, o bem-sucedido homem de negócios nunca passou por apertos financeiros, algo usado por seus adversários para desqualificar suas promessas de luta contra a pobreza.

A própria aparência física joga contra ele. O candidato de pele branca e olhos azuis contrasta com os rostos escuros da maioria dos bolivianos pobres. Em 1995, Doria Medina foi seqüestrado por 45 dias pelo Tupac Amaro, grupo guerrilheiro de origem peruana ao qual pagou um resgate de quase US$ 1 milhão. Em 21 de janeiro deste ano, ele sobreviveu à queda do pequeno avião em que viajava pelo planalto boliviano.

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