Funcionários dos governos da Colômbia e dos Estados Unidos firmaram nesta sexta-feira em Bogotá um acordo de cooperação militar. A iniciativa foi alvo de várias críticas na região.
O convênio foi firmado em um breve ato na sede da chancelaria colombiana pelo ministro de Relações Exteriores Jaime Bermúdez e pelo embaixador dos EUA na Colômbia, William Brownfield, informou Bogotá por meio de nota.
O documento, chamado "Acordo complementar para a cooperação e assistência técnica em defesa e segurança", baseia-se no "total respeito aos princípios de igualdade soberana, integridade territorial e não-intervenção nos assuntos internos de outros Estados", afirma o comunicado.
O convênio prevê a expansão da presença dos EUA em sete bases colombianas. Não está previsto, porém, o aumento do número de soldados e funcionários que trabalham para os militares norte-americanos no país latino. Leis dos EUA fixam um teto de 1 400 soldados norte-americanos na Colômbia. O texto do pacto ainda não foi publicamente divulgado.
Estavam presentes na cerimônia o ministro da Defesa da Colômbia, Gabriel Silva, e o ministro de Interior, Fabio Cossio. Também compareceu o comandante das Forças Armadas locais, general Freddy Padilla, que qualificou o acordo como "muito importante" e disse que "para nós é uma necessidade".
No acordo está previsto, por exemplo, o aumento dos voos de monitoramento para impedir o narcotráfico. Os EUA já auxiliam Bogotá no combate às drogas, através do Plano Colômbia, e as bases serão usadas para apoiar o combate às drogas.
Países da região, porém, fizeram ressalvas ao acordo, quando as negociações foram anunciadas. O presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou a afirmar que o pacto seria uma "declaração de guerra" e poderia gerar instabilidade na região.
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, garantiu que as bases não representavam ameaça para qualquer nação. "Temos feito de tudo para que não haja desconfiança", afirmou Uribe no dia 19, durante visita a São Paulo, em entrevista coletiva ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou a manifestar temores em relação à presença militar dos Estados Unidos na Colômbia. Chávez qualificou o acordo como "algo muito preocupante", mas fez a ressalva de que não considera importante, em si, a assinatura do acordo, porque, na prática, já existe.
Chávez disse que o acordo significará a presença dos EUA com suas "máquinas e homens para a guerra na fronteira venezuelana" e que "isso é parte da estratégia de expansão de guerra do império norte-americano."