O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, convocou nesta sexta-feira uma reunião da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para abordar a crise na fronteira com a Venezuela, fechada desde a semana passada. Santos também pediu para que as autoridades venezuelanas facilitem a união de famílias separadas pelo impasse político e exigiu respeito aos colombianos deportados.
“Exigimos respeito pelos direitos humanos de todos esses colombianos (...) que foram maltratadas (...) eles merecem ser tratados com dignidade”, disse Santos em uma entrevista coletiva.
O colombiano também criou uma comissão para atender a crise humanitária provocada após o fechamento da fronteira entre os dois países e disse ter ordenado que o fornecimento de gasolina, um dos itens contrabandeados para Colômbia, tenha o preço aumentado em 30%. O mais recente boletim apontou que mais de 1.200 colombianos foram deportados pela Venezuela desde a sexta-feira passada, quando entrou em vigor o estado de exceção decretado pelo presidente Nicolás Maduro em um setor da fronteira.
Mas as autoridades venezuelanas alegam que a maioria era envolvida em atividades ilegais no país, contribuindo para a escassez de produtos e em violentos ataques. Além disso, eles defendem que os colombianos que ultrapassam a fronteira fugindo de conflitos, violência, pobreza e falta de serviços sociais, e seguem para a Venezuela, onde têm pleno acesso à saúde, educação e muitas vezes postos de trabalho.
A tensão diplomática entre Bogotá e Caracas aumentou na quinta-feira, quando o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou que decidiu chamar para consultas seu embaixador na Venezuela devido ao comportamento “inaceitável” do governo do país vizinho em relação à crise na fronteira. Em seguida, Caracas agiu da mesma forma.
Segundo Caracas, o fechamento da fronteira foi motivada por um ataque de desconhecidos contra militares venezuelanos na semana passada, durante uma operação de combate ao contrabando no estado de Táchira, que Maduro atribuiu a “paramilitares colombianos”. Desde então, as autoridades estimam que entre 5 mil e 6 mil colombianos tenham saído da Venezuela voluntariamente, a maioria cruzando o rio Táchira, fronteira natural entre os dois países. Mas muitos deles denunciaram abusos e irregularidades no momento de serem expulsos.
A Organização dos Estados Americanos anunciou que irá discutir o impasse na segunda-feira, durante uma sessão do Conselho Permanente.