A vitória de Barack Obama foi festejada por políticos e cidadãos europeus, mas o continente também deu demonstrações de racismo sobre a eleição de um presidente negro dos Estados Unidos. Congressistas, jornalistas e até um primeiro-ministro fizeram declarações consideradas infelizes por boa parte do mundo, como mostra reportagem publicada nesta terça-feira (11) pelo "Washington Post". Elas partiram de diversos países, como Áustria, Polônia e Alemanha. A gafe mais destacada ficou por conta do premier italiano, Silvio Berlusconi, que elogiou Obama por "jovem, bonito e bronzeado". O milionário negou que seu comentário fosse racista.

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"Qual é o problema? Foi um elogio", disse Berlusconi um dia depois de fazer o comentário, acrescentando que quem não entendeu a "brincadeira" era um "imbecil".

O site do Partido Nacional Democrata alemão, simpatizante de grupos neo-nazistas, não surpreendeu ao estampar na sua página "África conquista a Casa Branca". De acordo com o "Post", Jürgen Gansel, líder do partido, assina um artigo no site em que atribui a vitória de Obama "à aliança americana entre judeus e negros".

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Comentários suspeitos também vieram do outro lado do espectro político na Alemanha: o jornal Tageszeitung, que apóia causas socialistas e de esquerda, previa a eleição de Obama em junho sob o título "Cabana do Tio Obama". Era uma referência ao livro anti-escravidão "Cabana do Tio Tom", de Harriet Beecher Stowe. Sob críticas, o sub-editor do jornal Rainer Metzger disse que a chamada era apenas uma sátira.

A mídia também entrou na polêmica na Áustria, onde o experiente comentarista Klaus Emmerich, ex-correspondente em Washington, disse ao vivo em rede de televisão que "não gostaria que o Ocidente fosse dirigido por um homem negro". Sem cerimônia, ele acrescentou: "se você disser que este é um comentário racista, você está certo, sem dúvida".

"Eu acho que os americanos ainda são racistas e eles devem estar chateados com essa tão espetacular - e isso precisa ser dito sem dúvida - ida de um homem negro com uma mulher negra, muito bonita e inteligente para a Casa Branca ", disse o jornalista na emissora ORF.

Em uma entrevista posterior ao jornal Der Standard, ele se recusou a pedir desculpas, disse que os "negros não são tão politicamente civilizados" e afirmou que Obama é perigoso, comparando o presidente eleito dos EUA a Hitler ao citar sua "brilhante retórica" e sua habilidade para "apelar carismaticamente". A ORF afirmou que seus comentários eram "inaceitáveis" e que Emmerich não voltaria a ser convidado a fazer comentários na emissora.

Já na Polônia, o deputado Artur Górski sustentou um discurso semelhante na Câmara. Ele chamou Obama de "o messias negro da nova esquerda" e um "crypto-comunista" (que apoiaria secretamente grupos marxistas) que sem dúvida seria um "desastre".

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"A Al-Qaeda está comemorando em coro que o novo presidente queira paz e não a guerra. Isso marca o fim da civilização branca dos homens", disse ele. "A América vai rapidamente pagar um alto preço por esse surto de democracia", acrescentou.

O governo polonês e o partido de Górski se desculparam por seus comentários. O deputado também pediu desculpas, mas disse que seu comentário não foi racista, e sim político.