Na véspera de seu esperado discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, a presidente Dilma Roussef defendeu ontem, durante encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama, a ação coordenada dos países contra a crise econômica global e elogiou o programa dos EUA para estimular a criação de empregos no país.
Dilma também falou a Obama sobre o desequilíbrio comercial entre os países e demonstrou preocupação com a crise europeia.
O governo do Brasil viu com bons olhos o anúncio feito ontem por Obama de reforma tributária. O presidente norte-americano condenou subsídios agrícolas, tema de interesse do Brasil.
Segundo a administração Dilma, a alegação de que subsídios não são meios legítimos para intervenção na economia poderá ser usada em pleitos brasileiros com negociadores dos EUA.
Na abertura do debate geral da Assembleia Geral da ONU hoje, Dilma deve mencionar no discurso a situação econômica global.
Ela deve dizer que a instabilidade econômica atual não pode prejudicar o desenvolvimento de projetos que ajudaram países a avançar. Dilma será a primeira mulher na história a abrir o evento. Tradicionalmente, cabe ao Brasil fazer o discurso de abertura da reunião.
Obama e Dilma também lançaram um programa conjunto para estimular a transparência política e a participação dos cidadãos.
A presidente citou iniciativas como consultas públicas para programas de governo e o Transparência Brasil (que divulga na internet gastos governamentais) como exemplos de ações para elevar a transparência no país.
Disse ainda que o Programa Nacional de Banda Larga, que depende de uma série de resoluções para sair do papel, deve resolver os gargalos de ampliação do uso das redes digitais como instrumento de participação política.
Os senadores norte-americanos Robert Menendez e Marco Rubio, do Comitê de Relações Exteriores, enviaram a Dilma carta pedindo que o Brasil não vote a favor de reconhecer a Palestina na ONU.
Informação
Apesar de o Brasil ser um dos copatrocinadores do programa, Dilma teve que enfrentar o desprazer de ouvir seu colega norte-americano elogiar México, Turquia e Libéria por terem aprovado uma lei que dá acesso total da população a informações de governo, enquanto a legislação brasileira continua parada no Congresso Nacional apesar dos esforços do governo.
"Países como o México, a Turquia e a Libéria aprovaram leis que garantem o acesso de sua população à informação pública", disse Obama, para em seguida listar evoluções em outros países.
Para o Brasil, o elogio foi por ter colocado mais informações na Internet, assim como fez a África do Sul.