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Homem é atendido após ser atingido na praça Taksim , em Istambul, na Turquia | OZAN KOSE/AFP
Homem é atendido após ser atingido na praça Taksim , em Istambul, na Turquia| Foto: OZAN KOSE/AFP

A onda de violência após um grupo de militares do Exército anunciar na sexta-feira ter assumido o poder na Turquia já deixou 42 mortas, entre civis e militares, na madrugada deste sábado (16) em Ancara e Istambul.

A agência oficial Anatólia informou que o Parlamento turco, em Ancara, foi bombardeado na madrugada de sábado, sem dar mais detalhes sobre o ataque, realizado por aviões. O correspondente da AFP na capital turca ouviu uma violenta explosão e rajadas de metralhadora na região do Parlamento.

Apesar do ataque ao Parlamento, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, afirmou que “esta iniciativa idiota fracassou” e a situação “está amplamente sob controle”.

Confira fotos dos turcos nas ruas

As declarações do premier ao canal NTV se seguiram a um comunicado dos serviços de Inteligência turcos sobre o “retorno à normalidade”.

O presidente turco, Recep Tayyp Erdogan, levado para um local “seguro” na noite de sexta-feira, chegou de avião a Istambul ao amanhecer deste sábado.

Em Istambul, os militares golpistas abriram fogo contra uma multidão durante um protesto contra a tentativa de golpe, ferindo vários civis, constatou um fotógrafo da AFP.

Os soldados atiraram contra a multidão em uma das pontes sobre o Bósforo, que une Europa à Ásia, onde vários civis feridos eram socorridos por ambulâncias.

Militares tentam tomar o poder na Turquia e decretam toque de recolher

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Na capital Ancara, dezessete policiais foram mortos no quartel-general das forças especiais do Exército, revelou a agência oficial Anatólia, sem dar detalhes.

Ainda na capital turca, um caça F-16 da Força Aérea derrubou um helicóptero Sikorsky das forças “golpistas”, informou uma fonte ligada à presidência.

Na noite de sexta-feira, vários tanques do Exército cercaram o Parlamento em Ancara e o aeroporto internacional Ataturk, em Istambul.

Violentas explosões foram ouvidas na capital, acompanhadas de troca de tiros no centro da cidade, enquanto aviões sobrevoavam a metrópole sem parar, a baixa altitude.

Erdogan apareceu na TV com o rosto pálido e visivelmente preocupado, para denunciar “a sublevação de uma minoria do Exército”, e exortou os turcos a “ocupar as praças públicas e aeroportos” para resistir à tentativa de golpe.

Em declarações por telefone à rede CNN-Turk, Erdogan disse estar confiante em que “de modo algum os golpistas terão sucesso”, e pediu à população que se “reúna nas praças públicas e nos aeroportos” para resistir a uma “tentativa de golpe de Estado” lançada por “uma minoria dentro do Exército”.

“Não acredito absolutamente que estes golpistas vencerão”, declarou Erdogan, “prometendo uma resposta muito forte” aos insurgentes.

Segundo um comunicado dos militares lido no canal de televisão NTV, “o poder no país foi tomado em sua integralidade”. A mesma informação constava do site do Estado-Maior do Exército.

“Não permitiremos que a ordem pública seja alterada na Turquia (...). Foi imposto o toque de recolher até nova ordem”, segundo um comunicado firmado pelo “Conselho da Paz no país”.

Logo após o anúncio dos militares, duas pontes sobre o estreito de Bósforo em Istambul foram fechadas parcialmente, e as forças de segurança controlavam as avenidas que levam à Praça Taksim, entre outros pontos, revelou a imprensa local.

Segundo os militares, a tomada do poder tem por objetivo “garantir e restaurar a ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos, as liberdades e a prevalência da lei suprema” em todo território turco.

“Todos os nossos acordos e compromissos internacionais seguem vigentes. Esperamos que continuem nossas boas relações com os demais países”, assinala o comunicado militar.

De acordo com a agência oficial Anatolia, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, “general Hulusi Akar, é mantido como refém por um grupo de militares que tentam uma revolta”.

Turquia já teve três golpes, todos por associação entre política e religião

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O grupo afiliado ao clérigo turco radicado nos Estados Unidos Fethullah Gulen, que foi acusado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan de estar por trás de uma tentativa de golpe na Turquia, condenou o levante militar desta sexta-feira.

“Por mais de 40 anos, os participantes do Fethullah Gulen e Hizmet têm defendido e manifestado seu compromisso com a paz e a democracia”, informou a Aliança por Valores Compartilhados em um comunicado.

“Temos denunciado consistentemente intervenções militares na política doméstica. Estes são valores centrais dos participantes do Hizmet. Condenamos qualquer intervenção militar na política doméstica da Turquia”, acrescentou.

No início do movimento, Binali Yildirim denunciou o que chamou de uma “tentativa ilegal” de ação por parte de elementos do Exército turco, depois da ocupação de pontos estratégicos em Istambul pelos militares.

“Estamos trabalhando com a possibilidade de uma tentativa [de ação ilegal]. Nós não vamos permitir esta tentativa”, declarou Yildirim, por telefone, à emissora de televisão NTV.

“Aqueles que participam deste ato ilegal vão pagar um preço alto”, garantiu o premiê, minimizando o episódio - que segundo ele não seria correto descrever como um “golpe”.

A imprensa turca assumiu abertamente a “tentativa de golpe de Estado” após a CNN-Türk reportar uma mobilização “extraordinária” em frente à sede do estado-maior do Exército.

Assista ao vídeo “ao vivo” feito pela CNN-Türk enquanto a sede da emissora era tomada por militares. Segundo corresponde do Buzzfeed News, um jornalista foi ferido.

Um vídeo da emissora Sky News mostra centenas de pessoas tomando a praça Taksim, em Istambul, para protestar contra a tentativa de golpe.

Por meio de seu perfil no Twitter, o Departamento de Estado norte-americano aconselhou os cidadãos do país que estão na Turquia a buscarem abrigo e comunicarem a parentes e amigos que estão seguros. O governo dos Estados Unidos comunica ainda que foram ouvidos tiros e explosões em Ancara.

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