Um destacado comandante do Taleban paquistanês escreveu uma carta à adolescente Malala Yousafzai, baleada na cabeça no ano passado em um atentado promovido pelo grupo, e disse lamentar o fato de não a ter avisado antes da tentativa de assassinato que deu repercussão internacional a seu ativismo pelo direito das mulheres à educação.
Na carta, escrita durante o fim de semana, Adnan Rasheed não chegou a pedir desculpas pelo atentado de outubro do ano passado que deixou Malala gravemente ferida, levando a sua transferência para um hospital na Inglaterra. No entanto, o comandante, que é próximo dos principais líderes do grupo, disse que a tentativa de assassinato foi "chocante" e desejava que nada daquilo tivesse acontecido.
"Ontem, em seu discurso, você disse que a pena é mais poderosa que a espada", escreveu Rasheed, referindo-se ao discurso proferido por Malala na Organização das Nações Unidas (ONU) na última sexta-feira. "Então eles a atacaram por causa da sua espada, e não por causa dos seus livros ou da escola."
Rasheed esclarece que a carta, recebida pela Associated Press na noite de ontem, expressa sua opinião pessoal, e não a do grupo. Um outro comandante do Taleban confirmou a autenticidade da carta.
Segundo Rasheed, Malala não foi atacada por defender a educação feminina, mas pelo fato de ter feito críticas ao grupo em relação ao período em que o Taleban controlou o Vale do Swat, entre 2008 e 2009. A versão coincide com declarações de outros líderes do Taleban paquistanês na época do atentado.
Rasheed encerra a carta com um pedido para que Malala regresse ao Paquistão e se matricule em uma escola islâmica para mulheres. "Use sua pena pelo Islã e pelo sofrimento da comunidade muçulmana e revele a conspiração de uma pequena elite que quer escravizar a humanidade com uma pauta maligna em nome de uma nova ordem mundial." Fonte: Associated Press.
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