Alguns dos caminhões enviados pelo governo da Rússia para a Ucrânia em um comboio de suposta ajuda humanitária começaram nesta quinta-feira (21) o processo de desembaraço alfandegário. Os veículos estão parados na fronteira entre os dois países, próximos ao território controlado por separatistas pró-Rússia no leste ucraniano, informou o serviço de guardas da alfândega.
O porta-voz do distrito aduaneiro sul russo, Rayan Farukshin, informou que 16 veículos entraram no dia anterior na zona alfandegária da Rússia, que se liga à cidade de Izvaryne na Ucrânia. Ele contou que quatro caminhões foram liberados do lado russo e outros quatro ainda estavam sendo checados. Depois, o comboio precisará receber a aprovação ucraniana.
Os russos têm tentado enviar à Ucrânia cerca de 200 caminhões levando o que eles dizem ser ajuda humanitária para ajudar civis na cidade de Luhansk, mas os ucranianos temem que a movimentação seja um esquema para mandar apoio aos rebeldes. O comboio segue estacionado na divisa há uma semana, em uma disputa pelas condições sob as quais a Ucrânia vai permitir a entrada dos caminhões.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse que já realizou todas as medidas preparatórias necessárias para o comboio. A agência afirmou que está pronta para entregar a ajuda humanitária a Luhansk se tanto a Rússia como a Ucrânia concordarem sobre o conteúdo estritamente humanitário dos caminhões e se todos os envolvidos no conflito garantirem a passagem segura da Cruz Vermelha.
Partes do leste da Ucrânia sofreram sérios prejuízos durante o conflito desta quinta-feira. Soldados ucranianos continuam combatendo os rebeldes em Luhansk, em uma tentativa de retomar o controle da cidade dominada por separatistas. Na quarta-feira (20), o governo afirmou que conseguiu reconquistar o poder de boa parte da fortaleza insurgente.
A cidade está sob ataque há 19 dias. Faltam suprimentos básicos como água ou eletricidade. Moradores lutam para sobreviver, disse o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. "As pessoas quase não deixam suas casa por temerem acabar no meio do conflito, com bombardeios intermitentes na área residencial colocando civis em risco", relatou a agência.
Enquanto isso, cinco soldados e dois civis foram mortos nas últimas 24 horas nos territórios controlados pelos rebeldes, dizem autoridades. Na quarta (20), morreram cerca de 50 pessoas na região.
A Ucrânia também busca uma saída diplomática para o conflito. O presidente Petro Poroshenko vai receber a chanceler alemã, Angela Merkel, e viajará a Minsk, na Bielo-Rússia, na próxima semana para se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, autoridades da União Europeia e líderes do Casaquistão e da Bielo-Rússia.
Durante uma visita à cidade sulista de Mykolaiv nesta quinta (21), Poroshenko disse que ele espera chegar a um acordo de paz. "Nós vamos a Minsk para falar sobre a paz", afirmou o presidente. "O mundo todo está cansado da guerra."
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