Um comitê de investigação patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou nesta segunda-feira que o presidente afegão, Hamid Karzai, não obteve o número de votos suficientes para vencer a eleição de 20 de agosto no primeiro turno.
Após dois meses investigando denúncias de fraudes, a Comissão de Queixas Eleitorais determinou que fossem anulados milhares de votos a favor de Karzai. Com isso, o presidente ficou com 48%, abaixo dos 50% necessários para evitar a realização do segundo turno contra o ex-chanceler Abdullah Abdullah.
Após horas de incertezas sobre se o governo acataria as acusações de fraude e anunciaria o segundo turno, os EUA informaram que Karzai revelará na terça-feira seus planos para a eleição
"Estou bastante confiante em relação à direção que a situação está tomando. Acredito que veremos uma resolução que segue a lei já nos próximos dias", disse a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.
Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, disse ainda que "será incrivelmente importante para o mundo ver os líderes afegãos dispostos a tornar o processo eleitoral legítimo".
Na véspera, o governo do presidente Barack Obama havia anunciado que só enviará mais tropas ao Afeganistão após a crise eleitoral ser resolvida.
Um grupo de monitoramente independente, chamado Democracia Internacional, calculou que Karzai obteve o apoio de 48,3% dos eleitores, ou cerca de 2,1 milhões de votos, depois de ter mais de 995 mil de seus votos anulados por fraude.
De uma maneira geral, cerca de 1,3 milhões dos mais de 5 milhões de cédulas foram invalidadas. Cerca de 201 mil dos votos de Abdullah também foram anulados, mas seu porcentual aumentou de 27,8% para 31,5%.
Resultados preliminares divulgados no mês passado mostravam Karzai como o vencedor da eleição, com 54% dos votos. No entanto, após inúmeras acusações de coerção de eleitores e de votos falsos, foi lançada uma investigação sobre o processo eleitoral afegão. O porta-voz de Abdullah, Fazel Sancharaki, elogiou a conclusão da comissão, dizendo que era "um passo adiante" na democracia.
Pela legislação afegã, o órgão apoiado pela ONU tem a palavra final sobre as fraudes. Pela legislação, o Comitê Eleitoral é obrigado a aceitar as conclusões da comissão.
Partidários de Karzai, porém, argumentam que a recontagem parcial dos votos extrapola as atribuições da comissão de queixas e, por isso, o comitê eleitoral poderia rejeitar os resultados.
Grant Kippen, diretor do Comissão de Queixas, disse que não via uma maneira legal de o governo ignorar as conclusões do comitê: "Nossas decisões são finais. Seguimos a lei e espero que o Comitê Eleitoral faça o mesmo".
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