Envolto em mistério, o primeiro esboço do relatório final do Sínodo dos Bispos sobre a família, encontro que vai até o próximo domingo (25), no Vaticano, foi entregue aos padres sinodais. Na coletiva com jornalistas nesta quinta-feira (22), os padres sinodais apontaram que o documento não trará respostas para todas as questões e “não será dirigido ao mundo”, mas será uma lista de reflexões entregue ao papa Francisco.
Portanto, caberá ao pontífice decidir se o toma como base para compor uma exortação apostólica pós-sinodal -- documento redigido meses após o encerramento de um Sínodo -- ou se torna o parecer público e definitivo do encontro.
O conteúdo do documento ainda é um mistério. Um dos membros da comissão responsável pela construção do relatório não quis entrar em detalhes, na coletiva, sobre os prováveis cem parágrafos que irão compor o texto. Ele garantiu, porém, que o tão esperado parecer da assembleia não será tão impactante quanto se espera.
“Fizemos um texto moderado e espero que a maioria dos padres sinodais o aceitem”, disse o cardeal indiano Oswald Gracias, membro da comissão de dez padres que foram nomeados pessoalmente por Francisco para redigir o documento conclusivo.
Gracias se esquivou de muitas perguntas feitas pelos jornalistas, apenas informou que reflexões repetidas provenientes das colocações em plenário e nos círculos menores (grupos linguísticos) foram eliminadas e que o texto foi aprovado por unanimidade pela comissão de redação.
Ele também fez questão de enfatizar que “a doutrina não foi tocada”, mas que o debate continua. “O que precisa mudar em relação ao cuidado pastoral? Enquanto a teologia progride, a doutrina permanece a mesma. Estamos apenas buscando soluções”, ressaltou.
Discussões do Sínodo apontam que preparação para matrimônio poderá ter mudança
O Sínodo dos Bispos sobre a família -- encontro realizado no Vaticano desde o último dia 4 e que segue até 25 de outubro -- entra em sua semana conclusiva e indica que poderá haver mudança em relação à preparação para o matrimônio católico.
Leia a matéria completaO que se sabe é que o texto traz algumas citações da Familiares Consortio, documento publicado por João Paulo II, em 1981, um ano depois do primeiro Sínodo sobre a família, em 1980, no Vaticano. No entanto, o cardeal indiano reforçou que o texto da era Francisco não pretende se limitar a reproduzir o pensamento do papa polonês.
“O Familiaris Consortio identificou muitos problemas relacionados às famílias na época. No entanto, o mundo mudou, os desafios de hoje são outros. Devemos enfrentar esses desafios e não vamos dizer o que foi dito na década de 1980”, acrescentou.
Os padres sinodais apresentam entre quinta e sexta-feira observações e correções que devem ser feitas antes da apresentação da versão final do texto, prevista para o sábado (24).
Membros da comissão do texto final
A comissão para a elaboração do texto final foi nomeada pelo papa e dela fazem parte representantes dos cinco continentes.
São eles: cardeal Péter Erdo (Hungria), relator-geral do Sínodo; Dom Bruno Forte (Italia), secretário-geral do Sínodo; cardeal Oswald Gracias (Índia); cardeal Donald Wuerl (EUA); cardeal John Atcherley (Nova Zelândia); Dom Victor Manuel (Argentina); Dom Madega Lebouakehan (Gabon, África); Dom Marcello Semeraro (Italia) e padre Nicolás Pachón, superior-geral dos jesuítas.