Em oito dias, o Air Force One estará pousando em Havana para fazer História: a primeira visita de um presidente americano a Cuba em 88 anos. O gesto de Barack Obama pode acelerar as mudanças na ilha, que passa pelas mais profundas transformações em 57 anos de revolução comunista.
Se por um lado o ato pode ser um catalisador em uma guinada capitalista que afetará 11 milhões de cubanos, por outro dará legitimidade a Raúl Castro, o pragmático líder que anseia pela modernização do país, mas que mantém e até intensifica a repressão. Nos Estados Unidos, a viagem reforça a nova agenda externa do país, mais propensa ao diálogo do que a sanções.
Ted Piccone, especialista em América Latina do Brookings Institute, lembra que a visita pode funcionar como uma fonte de pressão interna para acelerar as mudanças econômicas e políticas. Ele, que acaba de lançar o livro “Cinco democracias subindo e o destino da ordem internacional liberal”, vê chances para o fortalecimento de uma nova oposição cubana, que quer mudar o país sem rupturas, seguindo as normas e a atual Constituição.
Por outro lado, dissidentes históricos, como José Azel, pesquisador do Instituto para Estudos Cubanos e Cubano-Americanos (ICCAS) da Universidade de Miami, se opõem à visita. Azel vê sérios riscos para a oposição, que sofre o aumento da repressão. E não vê motivos para a viagem, pois não observa avanços rumo à liberdade. Para ele, Obama fará parte de um engodo que vai mascarar a realidade cubana nesta festa do regime autoritário.
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