Os ministros das Relações Exteriores de França, Alemanha, Itália, Catar, Turquia, Reino Unido e o secretário de Estado dos Estados Unidos, além de um representante da União Europeia, pediram neste sábado em reunião em Paris o aumento do prazo do cessar-fogo na Faixa de Gaza para 24 horas e que ele seja renovável.
Israel e o Hamas começaram na manhã de sábado um cessar-fogo humanitário de 12 horas em Gaza depois que os esforços do Secretário de Estado norte-americano John Kerry falharam em produzir uma trégua mais longa, com a intenção de acabar com as quase três semanas de enfrentamento. Kerry e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas Ban Ki-moon passaram a última semana mediando conversas na região.
Laurent Fabius, ministro das Relações Exteriores da França, disse a jornalistas após o encontro que os participantes expressaram seu desejo de que seja "obtido o mais rápido possível um cessar-fogo durável e negociado, que responda ao mesmo tempo às necessidades israelenses em termos de segurança e palestinas quanto a acesso a Gaza e desenvolvimento socioeconômico".
A reunião, segundo Fabius, permitiu que fossem apresentadas "orientações comuns da ação internacional em favor do cessar-fogo". Ele disse também que todos os ministros mostraram solidariedade para com a população civil de Gaza, "tragicamente afetada pelos combates", e decidiram manter a mobilização em seus respectivos países de maneira conjunta.
"O massacre não pode continuar, é insustentável, e todos os países que estavam na mesa de negociações falaram com uma só voz", disseram fontes francesas presentes à reunião, segundo as quais o encontro se concentrou "no essencial" e foi "positivo".
Cessar-fogo
Milhares de residentes da Faixa de Gaza que haviam fugido voltaram para áreas de fronteira devastadas durante um cessar-fogo humanitário neste sábado e encontraram destruição em grande escala. Dezenas de casas viraram pó e as ruas estavam bloqueadas, com fios elétricos cortados pelo caminho. Até agora, o Ministério de Saúde palestino informou que pelo menos 85 corpos foram recuperados. Todos eles foram transferidos a diferentes necrotérios e hospitais.
Apesar das negociações, o ministro de Defesa de Israel, Moshe Yaalon, chegou a alertar que poderia expandir a incursão terrestre na Faixa de Gaza "significativamente". "Vocês precisam estar preparados", declarou a soldados na sexta-feira.
Na cidade de Beit Hanoun, na região nordeste de Gaza, residentes encontraram destruição por onde chegaram. Muitos haviam fugido dias antes, após alertas de Israel de que a cidade seria atacada. Siham Kafarneh, de 37 anos, se sentou nos degraus de uma pequena mercearia e começou a chorar. Mãe de oito crianças, disse que aquilo que ela tinha passado 10 anos para conquistar havia sido destruído. "Não restou nada, tudo o que eu tenho se foi", lamentou.
Israel lançou uma forte campanha aérea em Gaza em 8 de julho e depois mandou iniciou as incursões terrestres ao território comandado pelo Hamas, numa operação que os israelenses disseram ser direcionada para parar o poder de fogo do Hamas e destruir túneis usados por militantes para promover ataques.
Mais de 900 palestinos, a maioria civis, foram mortos, e mais de 6 mil feridos dos últimos 19 dias, de acordo com autoridades locais. Os ataques de Israel também destruíram centenas de casas e deixaram dezenas de milhares de desabrigados.
Israel diz que está fazendo o que pode para evitar o sofrimento de civis, incluindo o envio de alertas de evacuação para residentes em áreas alvo de ataques. O governo israelense culpa o Hamas por colocar os civis em perigo. Israel perdeu 37 soldados e dois civis e um trabalhador tailandês também foi morto.
Parece improvável que o cessar-fogo temporário desse sábado mude o curso das hostilidades. Enquanto o ministro da Defesa Israelense diz que espera que o Hamas não "afronte" os israelenses nunca mais, o Hamas afirma que não vai parar o fogo enquanto não receber a certeza da comunidade internacional de que o bloqueio de mais de sete anos a Faixa de Gaza será retirado.
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