A primeira audiência do julgamento aberto contra o venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como "Carlos, o Chacal", e outros três acusados - ausentes no julgamento - por quatro atos de terrorismo na França nos anos 80 (11 mortos) foi concluída nesta segunda-feira (7), às 18 horas (16 horas de Brasília).
Na terça (8) e na quarta-feira )9), o tribunal examinará a personalidade dos acusados.
Com mais de 70 testemunhas chamadas a comparecer, o processo deve ser prolongado até 16 de dezembro.
Desde o primeiro minuto, os dois advogados de Chacal - sua esposa Isabelle Coutant Peyre e Francis Vuillemin - denunciaram "o julgamento injusto" e ameaçaram abandonar o local.
Decidido a levar a audiência até o fim, o juiz Olivier Leurent imediatamente forçou os dois a ficarem.
Coutant Peyre questionou o julgamento de seu cliente por um tribunal penal composto apenas por juízes e sem jurados. Em sua opinião, esse tratamento é "discriminatório".
Ilich Ramirez Sanchez reivindicou, em uma entrevista publicada no domingo (6) por um jornal venezuelano, a autoria de mais de 100 ataques que mataram entre "1.500 e 2.000 pessoas".
Segundo seu biógrafo francês, Bernard Violet, Carlos "exagera nas cifras das vítimas que seus atos deixaram".
"É surrealista. Ele exagera as cifras e não dá provas", afirmou o autor do livro "Carlos", publicado em 1996. "Trata-se de uma provocação para chamar a atenção dos meios de comunicação", enfatizou.
Preso no Sudão em agosto de 1994, o Chacal não saiu mais das prisões francesas. Carlos já foi condenado à prisão perpétua em 1997 pela morte de três homens, entre eles dois policiais, em 1975, na França.