A Corte Nacional Eleitoral da Bolívia confirmou neste sábado a esmagadora vitória do presidente do país, Evo Morales, no referendo de domingo passado, mas o líder da oposição recebeu o resultado da consulta com uma enxurrada de insultos.

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O presidente, de esquerda e origem indígena, acaba de cumprir a metade de seu mandato de cinco anos. Ele foi ratificado no cargo com 67,41 por cento dos votos válidos, informou a autoridade eleitoral, num momento em que setores conservadores retomam manifestações de protesto regionais.

Além de Morales, também foram ratificados os governadores de quatro departamentos que formam a chamada "meia lua" opositora e são liderados por Rubén Costas, de Santa Cruz.

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Com esse resultado, permanece ativo o choque entre a nova Constituição "plurinacional" e socialista defendida por Morales e as reivindicações regionais de autonomia.

A divulgação da contagem de 99,99 por cento dos votos das seções eleitorais coincidiu com distúrbios em Santa Cruz, bastião direitista no leste da Bolívia, onde manifestantes defensores da autonomia regional tomaram brevemente na sexta-feira a sede da polícia.

"Os resultados confirmam uma vez mais a legitimidade de duas agendas que se opõem, o que obriga à busca de um ponto comum, antes que os surtos de violência se estendam perigosamente", disse o diretor do independente Centro para a Democracia Multipartidária, Guido Riveros.

O resultado confirmou também a prevista derrota dos governadores dos departamentos andinos de La Paz e Cochabamba, aliados dos quatro departamentos da "meia lua", que desafiam Morales com suas ações pela autonomia.

A proclamação oficial dos resultados não será feita antes da última semana de agosto porque a votação terá de ser repetida em três seções do departamento de Oruro, no Altiplano, mas esses sufrágios são insignificantes no total de 21.974 urnas habilitadas para 4,04 milhões de eleitores em todo o país.

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De acordo com o cômputo final, Morales recebeu 2,1 milhões de votos, ou 67,41 por cento, dos 3,3 milhões depositados, superando amplamente a votação com que chegou à presidência em janeiro de 2006: 1,5 milhão de votos, ou 53,7 por cento.

A participação eleitoral foi uma das mais altas na história boliviana: 83,33 por cento, segundo as autoridades eleitorais.

A Organização dos Estados Americanos rechaçou denúncias de supostas irregularidades no referendo e "validou a consulta em todos e cada um dos nove" departamentos, segundo declarou em Assunção, no Paraguai, o secretário-geral da entidade, José Miguel Insulza, de acordo com a imprensa local.

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