Soldados tailandeses abriram fogo nesta sexta-feira contra manifestantes antigovernistas, transformando o centro comercial de Bangcoc num sangrento campo de batalha. Oito pessoas morreram e pelo menos 20 ficaram feridas.
Segundo testemunhas, os soldados usaram gás lacrimogêneo, balas de borracha e munição real contra os manifestantes que atiraram pedras e foguetes caseiros em três ruas no entorno do bairro comercial ocupado há quase seis semanas pelos manifestantes.
A violência continuou noite adentro, causando tensão na metrópole de 15 milhões de habitantes. Tiros e explosões foram ouvidos em vários pontos da cidade onde ocorriam confrontos. Um jornalista canadense que trabalha como correspondente do canal de TV France 24 em Bangcoc está entre os feridos, bem como dois colegas locais.
Havia fogo nas ruas, enquanto soldados faziam repetidos disparos para o alto, diante de uma multidão que atirava bombas incendiárias, num bairro cheio de hotéis, bancos e embaixadas ocidentais.
"Esperamos uma volta da situação ao normal nos próximos dias", disse o porta-voz governamental Panitan Wattanayagorn.
A Embaixada do Brasil em Bangcoc informou que poderá ter seu horário de funcionamento alterado nos próximos dias devido à proximidade de seu edifício ao bloqueio montado pela polícia ao redor da área dos manifestantes.
A nova onda de violência ocorre após uma tentativa de assassinato contra um general favorável à oposição, baleado na quinta-feira quando dava entrevistas a jornalistas estrangeiros em frente ao acampamento fortificado dos manifestantes.
O Exército disse que não pretende invadir nesta sexta-feira o acampamento principal, onde há milhares de manifestantes camisas vermelhas, inclusive mulheres e crianças. O local está cercado por barricadas de aspecto medieval, feitas com pneus, paus embebidos em querosene e arame farpado.
O porta-voz militar Sansern Kaewkamnerd estimou que haja 500 "terroristas" armados entre os milhares de manifestantes presentes na cidade.
Uma fonte próxima ao comandante do Exército, general Anupong Paochinda, disse que reforços militares estão sendo mobilizados, pois há temores de que novos manifestantes cheguem e ataquem os soldados que já estão no centro de Bangcoc.
"É improvável que isso acabe rápido. Haverá várias escaramuças nos próximos dias, mas ainda estamos confiantes de que vamos reduzir o número (de manifestantes) e fechar a área", disse a fonte.
A crise, que já deixou cerca de 40 mortos e mais de 1,4 mil feridos desde abril, opõe os chamados "camisas vermelhas", seguidores do ex-premiê Thaksin Shinawatra, e o governo de Abshisit Vejjajiva, que se recusa a ceder à pressão pela convocação de eleições imediatas.
Os protestos paralisam parte de Bangcoc, afugentam turistas e investidores e começam a afetar a segunda maior economia do Sudeste Asiático.
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