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Forças iemenitas entraram em confronto na quarta-feira na capital com soldados que desertaram para aderir aos protestos contra o governo, rompendo a efêmera trégua num dia em que seis manifestantes foram mortos por franco-atiradores, foguetes e tiroteios.

Em outro sinal de agravamento da situação, o secretário-geral do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), Abdbullatif al Zayani, deixou Sanaa de mãos vazias após passar dois dias tentando negociar um acordo que levasse o presidente Ali Abdullah Saleh a deixar o cargo.

Zayani disse à agência estatal de notícias iemenita Saba que o acordo terá de esperar até que "as condições sejam favoráveis", insinuando que governo e oposição continuam distantes de um consenso.

Uma fonte diplomática também disse à Reuters que a ONU pretende retirar 50 funcionários do país na sexta-feira, "por causa da deterioração das condições de segurança".

Uma guerra civil parece iminente no país, o mais pobre da Península Arábica, onde desde fevereiro há intensos protestos pela renúncia de Saleh, há 33 anos no poder. Os confrontos entre soldados leais ao governo e os desertores criam um dos piores cenários possíveis para os diplomatas que tentam finalizar um acordo de transição de poder enquanto Saleh se recupera na vizinha Arábia Saudita de um atentado sofrido em junho.

O caos no Iêmen pode beneficiar também a Al Qaeda, cujos militantes nos últimos meses capturaram várias cidades em uma província que fica logo a leste de um canal crucial para o transporte mundial de petróleo.

Na quarta-feira, após algumas horas de calma, a contrição das orações foi rompida por intensos disparos e explosões em um funeral coletivo das vítimas dos três dias anteriores de combates. Volutas de fumaça se erguiam no horizonte da capital.

Médicos relataram as mortes de nove soldados leais ao general desertor Ali Mohsen, que se bandeou para a oposição em março. Eles foram vitimados por morteiros que atingiram não só o quartel de Mohsen como também a "praça da Mudança", nome dado ao vizinho acampamento de 4 quilômetros onde milhares de pessoas se concentram há meses.

Um manifestante morreu e outro ficou ferido no segundo dia de disparos de morteiros contra a praça da Mudança.

Outros cinco ativistas foram mortos por franco-atiradores instalados em prédios e por balas perdidas de áreas conflagradas, perto do acampamento dos manifestantes, segundo médicos e testemunhas.

Moradores da rua Hayel, perto da praça da Mudança, disseram acreditar que o bairro esteja infestado de franco-atiradores, o que mantém as pessoas presas em suas casas. "Estamos com medo demais para sair, mesmo que seja para ir à loja", disse um morador.

Com as novas mortes, subiu a 85 o total de vítimas fatais em quatro dias de confronto.

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