Veja que presidente deposto adia retorno ao país
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O Congresso de Honduras aprovou nesta quarta-feira (1º) um decreto que autoriza as forças de segurança do país a prender pessoas em casa, sem mandado, e mantê-las detidas por mais de 24 horas. A decisão ainda proíbe a associação livre de pessoas.
A medida foi aprovada como forma de evitar mobilização da oposição ao golpe contra o presidente Miguel Zelaya, no último fim de semana. Ela entra em vigor durante o toque de recolher noturno já determinado no país.
O presidente deposto decidiu adiar seu retorno ao país, o que foi visto como uma decisão certa pelo governo norte-americano. Zelaya pretendia viajar para Honduras nesta quinta-feira (2), mas disse preferir aguardar o fim do prazo de 72 horas dado pela Organização de Estados Americanos (OEA) para que o governo interino hondurenho reconduza Zelaya ao poder.
"Sem volta"
O governo interino de Honduras afirmou nesta quarta-feira (1º) que "não existe a mais remota possibilidade" de o presidente deposto Manuel Zelaya voltar ao poder depois do golpe de Estado de domingo, desafiando a pressão internacional pela volta do líder de esquerda.
Enrique Ortez, ministro das Relações Exteriores do governo interino de Honduras que assumiu após o golpe, disse à Reuters que Zelaya será preso se voltar ao país.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) concedeu um prazo de até 72 horas a Honduras para que Zelaya retorne ao poder ou o país será suspenso do grupo. A comundade internacional em peso, inclusive o Brasil, condenou o golpe e não reconheceu o governo liderado por Roberto Micheletti, presidente do Congresso.
Zelaya, que está no Panamá para a posse do presidente Ricardo Martinelli, disse que pretende voltar a Honduras no fim de semana, apesar da ordem de prisão emitida pela Justiça contra ele.
Interino acusa Chávez
O presidente interino Micheletti acusou seu colega da Venezuela, Hugo Chávez, de ser o responsável pela crise no país centro-americano. "A intervenção do governo de Chávez é clara e definida nesta situação que Honduras está vivendo", disse Micheletti em entrevista.
O golpe Militares retiraram Zelaya de sua casa no domingo sob a mira de fuzis e o obrigaram a sair do país e ir para a Costa Rica, num momento em que promovia uma consulta popular que abriria o caminho para a reeleição presidencial, considerada inconstitucional pelos tribunais e pelos partidos políticos.
"Temos fé em Deus de que vamos recuperar a confiança desses países que têm sido cooperantes", disse o chefe interino do país, Roberto Micheletti, a jornalistas na tarde de terça, preocupado com a possibilidade de sanções ao empobrecido país da América Central.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza disse que quer acompanhar Zelaya em seu regresso a Honduras, junto com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o mandatário do Equador, Rafael Correa, embora as autoridades do governo interino tenham dito que Zelaya será preso quando chegar.
"Independentemente de com quem ele se encontrar, a polícia vai agir para prendê-lo e colocá-lo à disposição dos tribunais da República", disse o procurador-geral hondurenho, Luis Alberto Rubí, à rede de televisão CNN em espanhol.
As acusações contra o presidente deposto vão desde abuso de poder até narcotráfico.
Zelaya, assim como Micheletti, é do Partido Liberal, mas sua guinada para a esquerda e sua proximidade ao venezuelano Hugo Chávez durante o último ano de governo irritaram políticos e empresários conservadores.
Apesar das demonstrações de apoio internacional a Zelaya, os hondurenhos permanecem divididos entre o que vêem como um presidente que luta contra as elites em favor dos pobres e os que advertem que ele é um populista perigoso que busca seguir a trilha radical de seus aliados de esquerda.