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O governo interino de Honduras que se instalou após a destituição de Manuel Zelaya buscou nesta quarta-feira ganhar legitimidade e afirmou que o presidente deposto não voltará ao poder se retornar ao país.

Enrique Ortez, ministro das Relações Exteriores do governo interino que assumiu após o golpe de Estado, disse à Reuters que Zelaya será detido mesmo se voltar a Honduras acompanhado de líderes latino-americanos.

A Organização dos Estados Americanos (OEA) uniu-se ao coro mundial de condenação ao golpe e deu um ultimato de 72 horas ao governo interino para que garanta o "retorno imediato, seguro e incondicional do presidente a suas funções constitucionais."

"Se essas iniciativas não prosperarem num prazo de 72 horas, a Assembléia Geral Extraordinária aplicará imediatamente o artigo 21 da Carta Democrática Interamericana para suspender Honduras", disse o organismo em uma resolução aprovada nesta quarta-feira.

Mas Ortez afirmou: "Enquanto nós estivermos, não há a mínima, não há a mais remota possibilidade de um governo que desacatou as ordens judiciais voltar ao poder. A soberania não se negocia, nós não estamos negociando absolutamente nada."

Zelaya, que havia dito que voltaria na quinta-feira a Honduras, adiou o regresso ao país ao menos até o fim de semana, para esperar o fim do prazo dado pela OEA.

O presidente deposto viajou de Washington, onde participou da reunião da OEA, ao Panamá para assistir à posse do novo mandatário do país, Ricardo Martinelli.

Militares retiraram Zelaya de sua casa no domingo sob a mira de fuzis e o obrigaram a sair do país e ir para a Costa Rica, num momento em que promovia uma consulta popular que abriria o caminho para a reeleição presidencial, considerada inconstitucional pelos tribunais e pelos partidos políticos.

"Temos fé em Deus de que vamos recuperar a confiança desses países que têm sido cooperantes", disse o chefe interino do país, Roberto Micheletti, a jornalistas na tarde de terça-feira, preocupado com a possibilidade de sanções ao empobrecido país da América Central.

O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza disse que quer acompanhar Zelaya em seu regresso a Honduras, junto com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o mandatário do Equador, Rafael Correa, embora as autoridades do governo interino tenham dito que Zelaya será preso quando chegar ao país.

"Independentemente de com quem ele se encontrar, a polícia vai agir para prendê-lo e colocá-lo à disposição dos tribunais da República", disse o procurador-geral hondurenho, Luis Alberto Rubí, à rede de televisão CNN em espanhol.

As acusações contra o presidente deposto vão desde abuso de poder até narcotráfico.

Zelaya, assim como Micheletti, é do Partido Liberal, mas sua guinada para a esquerda e sua proximidade ao venezuelano Hugo Chávez durante o último ano de governo irritaram políticos e empresários conservadores.

Apesar das demonstrações de apoio internacional a Zelaya, os hondurenhos permanecem divididos entre o que vêem como um presidente que luta contra as elites em favor dos pobres e os que advertem que ele é um populista perigoso que busca seguir a trilha radical de seus aliados de esquerda.

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