Pentágono Iraque tem elementos de guerra civil
Um novo relatório divulgado na quarta-feira pelo Pentágono afirma que alguns elementos da guerra no Iraque se enquadram na definição de guerra civil, mas o termo "não traduz adequadamente a complexidade do conflito" no país do Oriente Médio. Nesta quinta-feira, a explosão de um carro-bomba matou oito pessoas - entre policiais e soldados - no centro de Bagdá.
Uma proposta democrata para retirar até 2008 as tropas norte-americanas do Iraque foi aprovada na quinta-feira em uma importante comissão da Câmara, enquanto o Senado rejeitou um prazo semelhante.
Por 36 votos a favor e 28 contra, a Comissão de Orçamento da Câmara aprovou um gasto emergencial de 124,1 bilhões de dólares que inclui 95,5 bilhões para continuar as guerras do Iraque e do Afeganistão neste ano.
Esse projeto, que pode ir ao plenário já na próxima semana, impõe rígidas condições para prosseguir a guerra do Iraque nos próximos 18 meses, prevendo que a participação dos EUA em combates deve acabar antes de 1o de setembro de 2008.
A Casa Branca ameaça vetar essa medida, que antes ainda tem que passar no Senado - onde uma resolução democrata incentivando o governo a retirar as tropas até 31 de março de 2008 foi rejeitada por 50-48 votos.
O projeto da Câmara representa a primeira vez que o Congresso tenta impor prazos à guerra, iniciada quatro anos atrás. ``Estamos tentando passar o recado aos políticos no Iraque de que não vamos nos sentar para sempre os vendo hesitar, os vendo recusar acordos, enquanto nossos soldados morrem'', disse o presidente da Comissão de Orçamento, o democrata David Obey, no início do acalorado debate do projeto.
Mesmo que os democratas não consigam transformar o prazo em lei, eles pretendem duas coisas: cumprir a promessa eleitoral de que tentariam acabar com a guerra assim que possível, e pressionar o governo iraquiano a se responsabilizar mais pela segurança no país, um objetivo que o governo Bush compartilha.
``Trata-se de uma guerra civil, e os iraquianos têm de tomar isso para si'', disse o deputado democrata John Murtha, para quem a guerra está arruinando a capacidade militar dos EUA. Ele vem pedindo a retirada desde 2005.
Na semana que vem, a Comissão de Orçamento do Senado redigirá sua própria versão do orçamento emergencial, e ainda não se sabe que condições os senadores imporão ao governo. Mas o presidente da comissão, o democrata Robert Byrd, já avisou que ``o Congresso dos Estados Unidos não vai apoiar uma guerra irresponsável e de final em aberto no Iraque''.
Jerry Lewis, líder republicano na Comissão de Orçamento da Câmara, alegou que um cronograma para a retirada iria ''sinalizar aos insurgentes que os Estados Unidos não têm vontade política para apoiar esta incipiente democracia''.
O plano democrata, disse ele, deixaria ``de mãos atadas o nosso comandante-chefe [o presidente George W. Bush] num momento de guerra''.
O único voto democrata contra a proposta na comissão foi da deputada Barbara Lee, que defende o fim da guerra ainda em 2007.
A votação no plenário deve ser apertada, mas uma fonte da liderança democrata se disse animada pelo fato de dois liberais e um conservador da Comissão de Orçamento, até então contrários ao projeto, terem acabado votando a favor.
Para garantir o apoio de parlamentares hesitantes, a bancada democrata da Câmara pôs na lei 6,4 bilhões de dólares a mais do que Bush pedira, uma verba destinada a ajudar Estados sulistas devastados por furacões em 2005.
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