Mais de quatro meses depois do início dos protestos, o Conselho de Segurança da ONU condenou pela primeira vez os ataques do governo sírio contra a população e pediu o fim da violência.
O formato aprovado foi de uma declaração presidencial, mais branda do que uma resolução, que geralmente traz algum tipo de sanção.
As negociações, travadas nas últimas semanas, foram retomadas depois que o governo sírio, desafiando as pressões internacionais, lançou ataques desde o fim de semana contra a cidade de Hama, que deixaram pelo menos 140 mortos.
"O Conselho de Segurança pede o fim imediato de toda a violência e exorta todas as partes a agir com o máximo de moderação e que abstenham de represálias, incluindo ataques contra instituições estatais", diz o texto.
Os EUA e europeus queriam que o documento tivesse brechas para sanções, o que não era aceito por China e Rússia, com poder de veto.
O Brasil aceitava uma resolução, mas também era contra sanções. O fato de o texto ser uma declaração foi um dos motivos que permitiram a sua aprovação.
De qualquer forma, a declaração pode ser o primeiro passo para formas mais duras de condenação caso os massacres não parem.
A inclusão da condenação aos ataques de opositores contra forças de segurança foi outro ponto crucial. Mas o embaixador britânico, Mark Grant, disse que "não há equivalência" entre ações do governo e dos manifestantes.
"Condenamos o problema real: a brutalidade do regime sírio contra seu povo."
A única ação futura adotada pela declaração é um pedido para que o secretário da ONU, Ban Ki-moon, atualize o Conselho sobre a situação na Síria dentro de uma semana, mas não diz que providências poderá tomar.
Líbano
A aprovação exigia unanimidade entre os 15 membros, inclusive do Líbano, o único país árabe no Conselho e que tem governo pró-Síria. A solução foi um mecanismo não usado há 35 anos, e o país se dissociou do texto. "[A declaração presidencial] não ajuda a resolver a situação atual na Síria", disse a vice-embaixadora libanesa Caroline Ziade.